Com o preço do diesel 3,7% mais caro nas refinarias desde a última terça-feira (6), os caminhoneiros gaúchos articulam uma paralisação estadual em protesto contra esse novo reajuste no preço do combustível, elevado pela sexta vez neste ano. Durante a mobilização, prevista para o dia 25 de julho, data que celebra São Cristóvão, o santo padroeiro dos motoristas, a categoria não descarta bloqueio nas rodovias.
Na próxima semana, uma comissão formada por líderes regionais deve se reunir na secretaria estadual de Logística e Transportes para uma contestação ao Governo do Estado, uma vez que o encarecimento do combustível nas bombas, segundo eles, se deve aos tributos estaduais. “A categoria não está brincando. Os outros Estados estão se planejando também. Dá para se notar que são os governadores que estão aumentando os impostos”, considerou o representante do setor na região de Passo Fundo, Flávio Lunelli. “Estávamos pagando R$ 2,80 o preço do diesel e agora já está R$ 5,40. Então, dobrou. Está visível que essa conta nos atinge”, afirmou ao jornal O Nacional na segunda-feira (12).
Com duras críticas ao governador Eduardo Leite (PSDB), Lunelli explicou que, a partir desta semana, mensagens de convocação à manifestação serão enviadas em grupos para que haja mais adesão, inclusive, de motoristas que trabalham em outros setores, como de fretamento e entrega de mercadorias. “Vai ser uma coisa organizada como já ocorreu”, disse ao se referir às jornadas que paralisaram o país em 2018.
Região
Ainda sem estimativa de quantos caminhoneiros autônomos devem endossar a nova manifestação, o líder da categoria já contabiliza nove municípios da região com previsão de serem pontos de protesto. Além de Passo Fundo, nomeou Lunelli, Mato Castelhano, Coxilha, Marau, Ciríaco, Lagoa Vermelha, Getúlio Vargas, Carazinho e Ronda Alta poderão registrar barreiras rodoviárias formadas pelos caminhoneiros durante dois dias. “Depois dessa reunião, vamos conversar com a categoria para avaliar o que faremos. Ambulâncias e carros que precisam transitar na rodovia vamos deixar andar”, ressaltou. “Será pacífica, mas queremos fazer valer porque vai depender de nós e do Governo do Estado atender a nossa reivindicação”, pontuou Lunelli.
Em março, dezenas de motoristas passo-fundenses paralisaram o trânsito em grande parte da extensão da avenida Brasil em protesto contra os sucessivos reajustes no preço dos combustíveis. Em deslocamento no sentido Boqueirão/Petrópolis, alguns condutores pintaram o vidro traseiros dos carros com os dizeres "chega de aumento" e "gasolina mais barata".
Novo reajuste
No último dia 5 de julho, a Petrobrás anunciou um novo reajuste no preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha (GLP) fixando um aumento médio de R$ 0,16 (6,3%) para o litro da gasolina, R$ 0,10 (3,7%) para o diesel e R$ 3,60 por kg no gás utilizado, sobretudo, em ambiente doméstico para o preparo de refeições.
Segundo a estatal, comandada pelo general Joaquim Silva e Luna, os reajustes acompanham a elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e derivados e buscar um equilíbrio "é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga suprido sem riscos de desabastecimento pelos diferentes setores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileira".
Até chegar aos consumidores finais, os preços cobrados nas refinarias da Petrobras na venda às distribuidoras são acrescidos de impostos, custos para a mistura obrigatória de biocombustível, margem de lucro de distribuidoras e revendedoras e outros custos. "Para o GLP especificamente, conforme Decreto nº 10.638/2021, estão zeradas as alíquotas dos tributos federais PIS e Cofins incidentes sobre a comercialização do produto quando destinado para uso doméstico e envasado em recipientes de até 13 kg", justificou a Petrobras por meio de nota.