Balanço de vacinas indica erro de registro dos lotes

Em Passo Fundo, 8 doses tiveram problemas no cadastro; 6ª CRS contabilizou 34 na região

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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Das 877 vacinas da AstraZeneca registradas após a data de validade no Rio Grande do Sul, pelo menos 506 são resultado de erros de digitação no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), demonstrando que não foram aplicadas fora do prazo conforme sugeriu uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo em 2 de julho.  

O balanço, ainda parcial, é resultado uma verificação nominal realizada na última semana pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) com apoio de profissionais das 18 coordenadorias regionais (CRS) e prefeituras. Segundo explicou a enfermeira coordenadora do Programa de Imunização da 6ª CRS, Daiane Paula Corso, assim que os imunizantes são destinados aos municípios, o lote é vinculado ao sistema eletrônico criado com a campanha de vacinação contra o coronavírus já em andamento. “Vários foram registros posteriores. Com a atualização, o sistema agora informa quando o lote cadastrado pode estar vencido”, esclareceu. “Foi verificado carteirinha por carteirinha e os municípios entraram em contato com os vacinados”, atestou.  

Com a verificação individual das aplicações das vacinas dos três lotes indicados como suspeitos, os agentes de saúde constaram que 8 doses tiveram imprecisão no registro em Passo Fundo. Todas as aplicações, afirmou Daiane, ocorreram nas unidades hospitalares cuja correção no cadastro já foi realizada. Já nos 62 municípios de abrangência da 6ª coordenadoria, 34 notificações de inconsistência foram reportadas; 19 delas na localidade de Lagoão, distante 138km de Passo Fundo, sendo a cidade com o maior número de equívocos no preenchimento virtual. “Levantamos os dados junto aos municípios. Na hora do registro no site, os lotes não estavam então dava alguma divergência”, relatou o delegado regional de saúde da 6ª CRS, Marcelo Martins Pacheco.  

Vencimento de vacinas 

Após a divulgação da reportagem sobre a suposta aplicação de doses vencidas em mais de 60 municípios gaúchos, a Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo emitiu uma nota, naquela mesma tarde, negando que a administração das ampolas tenha acontecido na cidade. 

Os imunizantes pertencentes ao lote 4120Z005, que tinham validade até 14 de abril deste ano, chegaram no dia 26 de janeiro e foram, segundo o comunicado, encaminhadas aos hospitais para que vacinassem os trabalhadores da linha de frente do combate à pandemia. Ao todo, foram recebidas 3,2 mil unidades. Enquanto 2,5 mil foram direcionadas ao Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), 700 foram encaminhadas ao Hospital de Clínicas (HC). 

Já as 2,5 mil doses do lote CTMAV520, com validade até 31 de maio de 2021, foram disponibilizadas ao município no dia 26 de março. As unidades foram aplicadas nos dias 27 e 28 de março, no CTG Lalau Miranda, em pessoas que nasceram nos anos 1952 e 1953. “Ao contestar a informação, a Secretaria Municipal de Saúde destaca que os frascos da AstraZeneca são multidoses, ou seja, com cada frasco, é possível aplicar 10 doses, o que não embasaria o levantamento de que oito pessoas, de dois hospitais, teriam recebido doses com prazo prescrito”, ressaltou a nota.  

Na sexta-feira (9), a Secretaria Estadual de Saúde também frisou que os lotes distribuídos aos municípios tinham uma data de validade superior a dois meses. Os 877 registros levantados no último final de semana, de acordo com a pasta, representam 0,27% do total de vacinas distribuídas nos três lotes. “A SES tem uma logística de distribuição que garante a entrega das vacinas às 18 regionais de saúde em 24 horas e, aos municípios, em até 36 horas. Em cada remessa de vacinas são enviadas notas fiscais onde constam informações do laboratório, lote e data de validade do imunizante”, ponderou o comunicado do órgão de saúde.  

Orientação

Caso seja confirmada alguma aplicação fora do prazo de validade, a orientação do Ministério da Saúde é que o vacinado receba nova dose no prazo mínimo de 30 dias após a aplicação da dose vencida. Receber uma vacina vencida, explicou a SES, pode diminuir o efeito protetor, mas o fato não acarreta em risco de evento adverso. 


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