Na maior safra de inverno dos últimos seis anos, a produtividade do trigo aumentou 35,9% na região de Passo Fundo posicionando, assim, as lavouras regionais com a 2ª melhor colheita no Estado. Atrás apenas de Caxias do Sul, que colheu 3.947 kg/ha, os produtores rurais dos 42 municípios contabilizaram uma ampliação de 2.715 kg/ha para 3.690 kg/ha em 2021.
O boletim contendo o balanço dos cultivos da estação, divulgado na manhã de segunda-feira (20), estima uma produção de 338.491 toneladas no território da macrorregião. "A produção do trigo se deu em relação aos fatores climáticos e sanidade da planta. A incidência de chuva foi necessária no momento certo para a cultura, que é o principal cereal do inverno. Na região de Passo Fundo também houve um aumento na área cultivada em relação a 2020, passando de 73 mil/ha para 91,7 mil/ha”, considerou o gerente regional do escritório da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, Dartanhã Vecchi.
O melhoramento genético das cultivares também contribuiu para os resultados positivos aos produtores. “Tivemos um período, principalmente em agosto, de 15 dias com bastante chuva na fase de floração do trigo. O problema seria maior há alguns anos porque tem uma doença que acaba causando uma toxina no grão. Hoje, com cultivares mais resistentes, diminuiu bastante”, mencionou o supervisor comercial da Biotrigo Genética, Felipe Carlotto. “Tivemos alguns casos pontuais na região de Carazinho, mas não chegou a afetar a produtividade”, comentou o engenheiro agrônomo.
Através do cruzamento e o desenvolvimento de plantas com características desejadas, como uma maior resistência às doenças, a insetos e até com informações genéticas referentes à brancura do trigo, uma vez que 60% do cereal colhido é destinado à panificação, conforme referiu Carlotto, a qualidade do cultivo brasileiro é igualada ao produzido na Argentina. “No trigo, ainda não temos cultivares com transgenia autorizadas no Brasil”, lembrou o gerente regional da Emater. “Atualmente, temos cerca de 12 cultivares disponíveis no mercado. Outro grande fator que impulsionou foi a alta no preço do milho, que pode ser substituído pelo trigo principalmente na fábrica de rações”, complementou Carlotto.
Outros cultivos
Na estimativa final da safra, as demais culturas consolidadas no inverno, como cevada, canola e aveia branca, também registraram um crescimento de área plantada na região, cuja ampliação observada passou de 122 hectare, em 2020, para 147 hectare neste ano. “Essa diferença percentual foi 20,7% em aumento de produção e 67,5% de aumento da quantidade produzida em toneladas na região”, afirmou Vecchi.
Apesar da alta no preço dos insumos agrícolas, que deverá influenciar na rentabilidade dos produtores na próxima safra, os agricultores residentes na região de Passo Fundo colheram, neste ano, 26.875 toneladas de cevada em 7.895 hectares de área cultivada; e 110.222 toneladas de aveia branca em grãos plantadas em 45.641 hectares, segundo o boletim da Emater/RS-Ascar. “Esse aumento da produção e o bom preço são favoráveis. Porém, o custo de manutenção e colheita acaba fazendo com que o produtor tenha uma menor rentabilidade pelo preço elevado para manutenção e tratos culturais nas lavouras”, ponderou o gerente regional.
Maior produtor do país
A safra recorde registrada nos campos gaúchos, neste ano, fez do Rio Grande do Sul o responsável pela maior produção do cereal no país, após o Paraná registrar períodos de complicações climáticas para o cultivo, conforme lembrou o supervisor comercial da Biotrigo.
Com uma produção total de 4,4 milhões de toneladas de grãos, sendo 3,4 milhões de toneladas de trigo, 819 mil de aveia branca, 128 mil de cevada e 58 mil de canola, o aumento na produção total nas propriedades rurais do Estado foi de 55,2% em relação ao ano anterior, de acordo com a estimativa da Emater. De acordo com o levantamento feito pela Gerência de Planejamento da entidade e apresentado pelo diretor técnico Alencar Rugeri, o trigo também se destacou pelo aumento de 23,45% na área total cultivada no solo gaúcho, com 1,17 milhões/ha, e de 30,72% na produtividade, com 2,8 ton/ha.