O baixo volume de chuvas, influenciado pelo fenômeno La Niña, e o aumento do consumo de água durante os meses mais quentes do ano secaram os poços artesianos em algumas localidades da região de Passo Fundo forçando mais de 15 municípios a decretarem situação de emergência em razão da estiagem.
Em Sarandi, os efeitos da seca prolongada impactaram diretamente 3,3 mil pessoas que vivem na zona rural da cidade com perdas estimadas em mais de 60% nas lavouras de milho, “e que ainda poderiam ser maiores se o pouco que restou não estivesse sendo utilizado para alimentar os animais”, segundo relata o prefeito Nilton Debastiani (PDT) no decreto homologado em 23 de dezembro. No documento remetido à Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o chefe do Executivo sarandinense salienta que a escassez hídrica impôs uma redução de 35% na produção de leite e na comercialização do gado de corte, além de frustrar “as expectativas que se tinha em relação à produtividade das lavouras de soja, com perdas estimadas neste momento já em 25%”.
O comportamento irregular na precipitação pluviométrica, que iniciou em junho de 2019 e coloca o Estado em alerta durante o verão há três anos, também ocasionou a seca de poços em São João da Urtiga e São Valentim do Sul, conforme mencionou o superintendente regional da Corsan, Aldomir Santi. “Nós temos que buscar água em outro município para poder atender a demanda. A estiagem está sendo muito prolongada e severa, em alguns sistemas realmente está faltando água”, ressaltou. “A população também precisa colaborar. Recebemos denúncias de pessoas lavando calçadas ou automóveis com mangueiras e fica difícil manter o abastecimento”, relatou Santi ao fazer um novo apelo pelo consumo racional do recurso hídrico.
Transposição
Embora o panorama de Passo Fundo seja “mais confortável” em relação aos demais municípios da região abastecidos com caminhão-tanque ou em trabalho de perfuração de novos poços, como mencionou o superintendente da Corsan, a Barragem da Fazenda da Brigada Militar está com 60cm abaixo do nível máximo, enquanto a Barragem do Miranda opera com 30cm menos de água.
Esse volume, explicou Santi, é suficiente para assegurar o abastecimento nos bairros da cidade durante 60 a 90 dias sem risco de racionamento. “Temos as obras que estão ocorrendo de transposição do Rio Jacuí e a transposição no lago da Pedreira, na Barragem e na Fazenda da Brigada que, por enquanto, não está sendo necessário acionar”, afirmou.
Estado
Com mais de 70 municípios declarando situação de emergência no Rio Grande do Sul em decorrência da estiagem, sete deles já receberam o reconhecimento de calamidade dos órgãos federais.
Tapera e Agudo, últimas localidades a serem incluídas na planilha da Defesa Civil gaúcha, tiveram os decretos validados na quinta-feira (30) para o repasse de auxílio financeiro para os planos de trabalho. “Foi se agravando cada vez mais. No mês de novembro, choveu apenas 44mm, e dezembro está fechando com 37mm, então o volume é muito baixo”, ressaltou o superintendente regional da Corsan.
