Representantes de aldeias indígenas da região de Passo Fundo iniciaram ontem (22) um protesto em frente a sede da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), em Passo Fundo. Cerca de 300 pessoas estão envolvidas reivindicando assistência médica de qualidade e o fornecimento adequado de água para as comunidades. Outras lideranças indígenas se encontram na sede da SESAI em Florianópolis desde segunda-feira (20) em busca de diálogo com lideranças. Segundo os participantes do movimento, enquanto não houver solução e respostas, eles irão permanecer no local.
O que pedem os indígenas
Representantes de acampamentos e aldeias de Mato Castelhano, do Aeroporto, Carreteiro, Ventara e Gentil reivindicam melhoria no precário atendimento que é dedicado à população indígena, com uma mudança para que todos tenham direitos iguais, garantidos por lei.
Segundo a cacique de Mato Castelhano, Tainá Inácio, em sua comunidade não há abastecimento de água e o que os mantém é o caminhão pipa que geralmente vem uma vez por semana. Além disso, não há saneamento básico e nem carro para deslocamento dos doentes em situações de emergência. “Estamos há mais de quinze anos nessa situação e poderia ter sido revolvida. Pessoas adoecem, não têm hora para você ficar doente. E nós não temos veículo, nunca tivemos veículo para trazer esses doentes”, relatou, acrescentando que às vezes há o encaminhamento de equipes médicas para a aldeia, no entanto, sem medicamentos.
“Fora Alexandre e Isaias”
Em frente ao prédio da SESAI onde se reúnem há faixas pedindo “Fora Alexandre” e “Fora Isaias”. Alexandre Rossettini é coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) e Isaias Kiago é presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDISI). Conforme explica a líder indígena de Mato Castelhano, eles protestam pela mudança dos representantes para que a política estabelecida seja revertida. “Quando chega até eles, existe uma política na qual eles escolhem quem eles vão atender bem e o que eles não querem atender”, pontuou. Isso acaba ocasionando uma divisão e atrito entre as comunidades. “Eles fazem essa divisão, onde essa liderança pra mim tem valor e essa não tem”, concluiu Tainá. São sete de um total de 17 aldeias que manifestam apoio ao coordenador e ao presidente e são beneficiadas, enquanto as outras dez comunidades permanecem desassistidas.
Na tarde de ontem (22), Alexandre Rossettini e Isaias Kiago estiveram em reunião com as sete lideranças apoiadoras na terra indígena de Cacique Doble, enquanto os representantes das 10 aldeias desatendidas que não estavam em Passo Fundo protestavam em Florianópolis e não eram recebidos por ninguém da gestão.