Material genético de familiares das vítimas de incêndio começa a ser coletado

Incêndio atingiu o Centro de Tratamento e Apoio a Dependentes Químicos na quinta-feira(23), em Carazinho, vitimando 11 pessoas; a coleta auxiliará na identificação das vítimas

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Sede do Cetrat tinha dois andares que foram consumidos pelas chamas. (Foto: Gerson Lopes)Sede do Cetrat tinha dois andares que foram consumidos pelas chamas. (Foto: Gerson Lopes)
Sede do Cetrat tinha dois andares que foram consumidos pelas chamas. (Foto: Gerson Lopes)
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Iniciou nessa segunda-feira (27) a coleta de material genético de familiares de nove vítimas do incêndio que ocorreu na última quinta-feira (23) no Centro de Tratamento e Apoio a Dependentes Químicos (Cetrat) em Carazinho. O trabalho é realizado nos Postos Médicos-Legais do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Carazinho, Passo Fundo e Santa Cruz do Sul. O incêndio vitimou 11 pessoas e a coleta de DNA ajudará na identificação de todas as vítimas.

De acordo com a diretora de assistência social de Carazinho, Aline Zirbes, uma coleta de DNA foi realizada durante a manhã de ontem (27) e mais seis estão marcadas para o dia de hoje (28). Até o momento estão confirmadas quatro retiradas de DNA no IGP de Carazinho, duas no de Passo Fundo e uma no de Santa Cruz do Sul. 

Apesar de já ter a confirmação prévia de quem são as 11 vítimas, é necessário a devida identificação oficial. Nesse sentido, Aline estima que serão necessários cerca de 15 dias para os resultados ficarem prontos. Após a coleta, os IGPs encaminham o material para Porto Alegre e é feito o confronto do sangue coletado dos familiares com a amostra de tecido do falecido. “Assim que tivermos o resultado, os corpos serão encaminhados para os seus municípios”, esclareceu a diretora. As vítimas têm naturalidade dos municípios de Santa Cruz do Sul, Campos Borges, Vila Lângaro, Espumoso, Passo Fundo, Carazinho, Não-Me-Toque, Constantina e Alto Alegre. Até agora, somente duas vítimas tiveram os nomes confirmados pela perícia e foram sepultadas no fim de semana. 

Enquanto os exames e as identificações são realizadas, os corpos permanecem provisoriamente em gavetas mortuárias e em caixões no Cemitério Municipal de Carazinho. De acordo com uma nota emitida pela Prefeitura de Carazinho, o procedimento foi orientado por um médico legista. “Os corpos colocados no cemitério foram periciados e possuem identificação numérica provisória até que seja possível identificar o nome de cada vítima”, declararam.


Tragédia em Carazinho

Por volta das 23 horas de quinta-feira (23), o Corpo de Bombeiros de Carazinho foi acionado para combater as chamas que atingiram um dos dormitórios do Cetrat. O local atendia em regime de internato e no momento do incêndio estava com 15 internos, com idades entre 29 e 68 anos. Cinco deles conseguiram sair do local, no entanto, o monitor do Cetrat, Deive da Silva, de 47 anos, veio a óbito no hospital. Dos outros quatro sobreviventes, um está internado no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, em estado grave respirando por aparelhos, um havia sido encaminhado ao Hospital de Carazinho e já teve alta hospitalar, e dois foram liberados, sem ferimentos.


Investigação 

Conforme o Delegado Regional da 28ª DPRI, Jader Ribeiro Duarte, que acompanhou os trabalhos dos órgãos de segurança no local do fato desde o início, preliminarmente suspeita-se que o incêndio tenha iniciado na fiação elétrica, mas somente com o resultado da perícia técnica e de outras provas que foram colhidas pela Polícia Civil é que se chegará a uma conclusão efetiva. A investigação aponta que o fogo teria iniciado no segundo andar do centro, nos alojamentos dos internos, em um local que servia de acesso para três saídas, o que bloqueou a saída das vítimas. O Instituto Geral de Perícias informou que o laudo pericial deve ser concluído em pelo menos 30 dias.


Centro de Tratamento e Apoio a Dependentes Químicos

Em atividade desde 2009 no bairro Vila Rica em Carazinho, o Cetrat atende dependentes químicos que solicitam a internação voluntariamente e desejam estar ali, não recebendo internações compulsórias, de acordo com a diretora de assistência social de Carazinho, Aline Zirbes.

O prédio que servia de alojamento aos internos tinha dois andares e era quase todo de madeira. O andar de cima continha pequenos dormitórios, para três a quatro pessoas, enquanto o andar de baixo era uma espécie de porão, com objetos de depósito e aparelhos de academia. Com o alastramento do fogo por toda a sede, o que restou foram somente resquícios das paredes, das camas, objetos pessoais e grades de ferro utilizadas nas janelas do centro. 


Vítimas 

O Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de Carazinho informou à comunidade quem são as onze vítimas do incêndio, são eles: Deive da Silva, de 47 anos, natural de Santa Cruz do Sul; Avelino Timm, de 70 anos, natural de Campos Borges; Adair José Langaro Nascimento, de 29 anos, natural de Vila Lângaro; Cesar Dutra de Andrade, de 58 anos, natural de Espumoso; Gilberto Almeida de Oliveira, de 37 anos, natural de Passo Fundo; Luciano Serafim Lemos, de 49 anos, natural de Carazinho; Gilberto Soares dos Santos, de 45 anos, natural de Não-Me-Toque; Luiz Eduardo Ribeiro, de 32 anos, natural de Santa Cruz do Sul; Oscar Duranti, de 58 anos, natural de Constantina; Sebastião dos Santos, de 60 anos, natural de Alto Alegre; e Idemar dos Reis, de 61 anos, natural de Carazinho. 

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