Entre os anos de 2003 a 2021, a região de Passo Fundo esteve entre as mais atingidas por enxurradas e estiagem nos últimos 18 anos no Rio Grande do Sul, conforme aponta o estudo inédito conduzido pelo Departamento de Planejamento da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e pela Defesa Civil Estadual, apresentado na tarde de terça-feira (22).
Ao demonstrar a ocorrência de eventos naturais como movimentos de massa, inundações, enxurradas, alagamentos, tornados, granizo, chuvas intensas, vendavais, geadas, ciclones, estiagens e secas, além de danos humanos, materiais e os prejuízos econômicos no período, o monitoramento apontou as cidades de Casca e Soledade como as mais atingidas pelas tempestades intensas na regional considerada, sobretudo no inverno gaúcho. “São município em que o rio acaba tendo um vale mais encaixado e favorece esse tipo de ocorrência”, explicou a secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann.
Apesar de não destacar dados isolados de cada localidade, considerando apenas que a região Norte foi a mais acometida por desastres naturais, 801 notificações de enxurradas foram emitidas à sala da Defesa Civil representando 65% ou 324 municípios forçados a emitirem decretos de emergência. De 2017 a 2021, expôs a secretária, 7.993 gaúchos foram atingidos pelas torrentes de água, especialmente na zona geográfica de Porto Alegre.
Estiagem
Ao abordar os períodos de estiagem e escassez hídrica no Estado, Marjorie ressaltou que 93,4% das cidades gaúchas relataram aos órgãos do governo estadual a ocorrência de seca salientando, novamente, o espaço territorial regional de Passo Fundo entre os mais impactados pela ausência de chuvas regulares. “Cem por cento dos municípios precisaram emitir decretos ao longo deste período. As demais regionais também foram afetadas, mas não em 100% das cidades”, explicou ao mencionar, ainda, os meses de janeiro a abril como os mais críticos para o abastecimento hídrico. “A gente acaba tendo uma menor precipitação em função de massas que se precipitam na região de depressão do Chaco [na Argentina] e não trazem umidade para o nosso Estado. Juntando-se a isso, a evapotranspiração acaba fortalecendo essa condição de secura”, esclareceu a secretária do Meio Ambiente.
Ao contabilizar mais de 2,2 mil ocorrências em 18 anos, o estudo retratou quase 2 milhões de gaúchos atingidos pela seca e pela estiagem no Rio Grande do Sul, sendo 186 diretamente afetadas pelas enfermidades decorrentes da ausência de chuvas e mais de 1,9 milhão indiretamente impactada pelas ocorrências climáticas. “Suas vidas foram afetadas de alguma forma em função da estiagem com 43% das regiões do Estado afetadas pela estiagem”, disse Marjorie ao citar Santa Maria, Frederico Westphalen e Uruguaiana como as zonas mais críticas para os fenômenos.
Além do fator humano, a seca incidente no Rio Grande do Sul foi responsável por 84,9% dos prejuízos econômicos observados neste período, cujas cifras totais foram estimadas em R$ 22,9 bilhões. “Nesse sentido, faz-se importante o foco de ações da Defesa Civil de prevenção e mitigação a eventos extremos, principalmente, nestas regiões”, concluiu o estudo.