Psicultores da agricultura familiar devem faturar R$ 2,8 milhões na Semana Santa

Peixes de água doce, nativos da nossa região, são estão entre os preferidos dos consumidores de Passo Fundo

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Divulgação/Emater Divulgação/Emater
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Durante a Semana Santa, a venda de peixes aumenta significativamente em todo o Brasil. Isso ocorre porque muitos cristãos optam por não comer carne vermelha durante esse período, seguindo uma tradição religiosa. Como o peixe é uma alternativa saudável e saborosa, acaba sendo a escolha preferida de muitos consumidores. Além disso, muitas famílias também aproveitam para fazer pratos típicos com peixes, reunindo a família, especialmente na Sexta-feira Santa, fazendo uma refeição que vai além do tradicional “churrasco”.

Esse aumento na demanda por peixes é uma excelente oportunidade para psicultores e também para os comerciantes do ramo, que podem aproveitar a época para aumentar suas vendas e o seu faturamento.

 

 

Oferta de peixes locais teve uma pequena queda

 

O assistente técnico regional da Emater-RS/Ascar, Vilmar Leitzke, explica que na região de Passo Fundo, a expectativa é que haja uma redução de 10 a 15% na oferta pelo peixe local. Porém, isso não significa que haverá menos produto no mercado, já que muitas pessoas optam em comprar peixes de água salgada, ou vindos de outras regiões.

 

Ele explica que três fatores influenciaram de forma direta a queda na oferta de peixe neste ano. O primeiro é um ajuste normal na demanda, pois todos os anos ocorrem oscilações, tanto positivas, quanto negativas. O segundo está relacionado à estiagem, que acabou influenciando negativamente na produção de peixes. E o terceiro está ligado à elevação dos custos de produção, que acaba, naturalmente, afastando os produtores.

 

O mercado para o produtor familiar

Na região de Passo Fundo, a Semana Santa deve injetar aproximadamente R$2,8 milhões para os psicultores da agricultura familiar. Esta estimativa de valor é muito semelhante ao ano passado. Vilmar explica que a pequena queda na oferta foi compensada por uma leve elevação nos preços do produto. “O preço médio do peixe era vendido a R$ 22 o quilo em 2022, e neste ano passou a ser comercializado a R$ 23 o quilo”, diz ele.

 

Estes produtores optam como principal forma de comercialização, o peixe vivo. Por isso eles recebem os clientes nas propriedades rurais, ou em feiras, que geralmente são organizadas pelo poder públicos dos municípios. “Uma das grandes vantagens deste sistema é que há um equilíbrio entre a oferta e a demanda, pois o produto que não é comercializado, acaba sendo colocado novamente no açude”, diz Vilmar.

Pelo lado consumidor, a desvantagem está na necessidade de “limpar” o peixe, mas por outro lado, ele tem a garantia de um produto fresco, e também a possibilidade de escolher diretamente no açude, muitas vezes que o cliente mesmo pescou.

Entre os peixes preferidos pelos consumidores nesta modalidade de compra estão a Tilápia e a Carpa, seguidos pela Traíra e do Jundiá.

 

Faturamento de dois meses em uma semana

 

Este é o momento mais importante do ano para o comércio especializado em peixe. O empresário Nilson Tavares Lima Junior possui uma peixaria há 30 anos na cidade de Passo Fundo, e ele enfatiza que este é o melhor momento para o setor. “Vendemos em uma semana o equivalente a dois meses no restante do ano”, diz ele.

O movimento no seu comércio começou a aumentar ainda na sexta-feira da semana passada, e se intensificou nesta segunda e terça-feira, porém, a expectativa do empresário é que entre a quarta-feira e a manhã de sexta-feira, o movimento seja ininterrupto. Os peixes de água doce são os mais procurados pelos clientes. “Como nossa região fica longe do mar, o pessoal prefere o peixe de água doce, como a Traíra, Jundiás, filé de Tilápia, além do tradicional filé de Merlusa”, explica ele.

 

Mudança de cultura

Nilson diz que é bastante perceptível, especialmente na última década, uma mudança de cultura das pessoas em relação ao consumo de peixe. E esta mudança não acontece somente por parte do consumidor, mas também por parte do comércio, que começou a perceber uma nova demanda.

O empresário destaca que no passado a chamada carne vermelha predominava na mesa dos passo-fundeses, porém, essa realidade começou a mudar, e agora, predomina apenas nos churrascos do final de semana, mas no dia-a-dia, as pessoas estão optando por um alimento mais saudável. “As pessoas estão se cuidando mais, os próprios médicos recomendam comer mais peixes, e as pessoas estão seguindo essa recomendação”, disse Nilson.

Segundo ele, o aumento da demanda fez com que o comércio também se adaptasse. “Os supermercados começaram a comercializar mais peixes, coisa que não acontecia há 10 anos”, disse. 

Segundo o empresário, o aumento geral no consumo de peixe fez com que se multiplicasse os pontos de vendas. “Eu mantenho a mesma média de vendas há muitos anos, mesmo com o aumento dos pontos de vendas”, finaliza. 


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