Dos 61,7 mil novos postos de trabalho criados em todo o Rio Grande do Sul entre outubro de 2023 e outubro de 2024, 11,1 mil foram adicionados pelos municípios que integram a chamada RF 9 (Norte), incluindo Passo Fundo. Os dados estão no Boletim de Trabalho divulgado nessa semana, uma publicação trimestral do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), que contempla os desempenhos do mercado de trabalho e do emprego formal no Rio Grande do Sul. A área Norte apresentou o maior crescimento entre todas as divisões gaúchas, dez vezes superior à última colocada.
Para fins de planejamento, o Rio Grande do Sul é dividido em nove Regiões Funcionais e todas elas apresentaram variações positivas de estoques de emprego formal entre outubro de 2023 e outubro de 2024. Os valores foram heterogêneos, distribuindo-se entre o mínimo de 0,4%, na RF 7 (Noroeste), e o máximo de 4,3%, na RF 9 (Norte). Passo Fundo e Erechim - os dois maiores mercados formais de trabalho na sua área - responderam, juntos, por 6,5 mil empregos dos 11,1 mil adicionados pela RF 9 no período.
Conforme o boletim, o terceiro maior saldo na região foi do oitavo município em número de empregados formais, Soledade. O terceiro maior município, Marau, aportou o quarto maior número de novos empregos. No conjunto, serviços e construção determinaram essa elevação.
Comércio e serviços puxam contratações na cidade
Conforme o coordenador da Agência FGTAS/Sine do município, Cassiano Paim Bandeira, numa análise considerando os meses de 2024, foi observada uma demanda maior nos setores de Serviços (com mais de 660) e Comércio (quase 500) na oferta de vagas de emprego em Passo Fundo.
O coordenador diz notar que a escassez de mão de obra vem comprometendo a procura das empresas pelo sistema SINE, “visto que, muitas vezes, a demanda não consegue ser atendida”, afirma ele, ao informar que, nesta sexta-feira (18), por exemplo, ocorrerá seleção na agência para o preenchimento de 15 vagas ofertadas pelo setor de alimentação.
“Atualmente, na agência FGTAS/SINE de Passo Fundo, contamos com a oferta de 130 vagas em aberto, com a probabilidade de uma redução nestes dados até o final de fevereiro de 2025, motivado pelas muitas empresas que optam por férias coletivas neste período do ano”, analisa Bandeira.
Resultado gaúcho é o menor do país
A análise dos dados acumulados dos últimos 12 meses (até outubro) evidencia acréscimo de 2,2% no estoque de empregos formais, com o total de 61,7 mil novos postos de trabalho no estado. Ainda que positivo, o resultado mantém o Rio Grande do Sul na última posição entre as Unidades da Federação quanto ao percentual de aumento de empregos formais. O topo do ranking é ocupado pelo Amapá, que, no mesmo período, apresentou variação de 10,6%.
Os setores que mais contribuíram para a expansão do emprego formal no RS, assim como em Passo Fundo, foram Serviços, com percentual de 63,3%, e Comércio, com 19,1%. Construção respondeu com 12,2%, resultado considerado expressivo para o setor, uma vez que detém apenas 5% do emprego formal gaúcho. Já a Indústria contribuiu com 5,8% dos empregos adicionais e a Agropecuária, o menor setor no mercado formal, foi o único a enfrentar uma retração próxima à estabilidade.
Recuperação após enchentes
Quando o recorte temporal se concentra no terceiro trimestre de 2024, os principais indicadores do mercado de trabalho demonstram a recuperação da economia do Rio Grande do Sul após as enchentes de maio. O número de pessoas ocupadas registrou variação positiva de 2,1% em relação ao trimestre anterior, valor referente a 122 mil vínculos de trabalho.
A autoria do levantamento é dos pesquisadores Raul Bastos e Guilherme Xavier Sobrinho, a partir de informações da PNAD Contínua e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) – base estatística produzida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “Após um momento adverso no mercado de trabalho gaúcho, em razão dos eventos meteorológicos extremos do segundo trimestre de 2024, em outubro o estoque de postos formais já superava, por pequena diferença, o patamar de abril, anterior ao desastre. Importante lembrar que, em maio e junho, o Rio Grande do Sul perdeu 30 mil empregos formais. A redução sofrida só encontra paralelo, em magnitude, nos dois primeiros meses de eclosão da Covid-19, em 2020”, explicou Sobrinho, em nota divulgada pelo governo gaúcho, referindo-se aos dados apresentados na série histórica do Novo Caged.
A taxa de desocupação (TD) no terceiro trimestre de 2024, em relação ao trimestre anterior, registrou retração de 5,9% para 5,1% no Estado. Na mesma referência comparativa, no terceiro trimestre a taxa de desocupação apresentou queda em SC, de 3,8% para 2,8%, e no País, de 6,9% para 6,4%. Paraná e São Paulo mantiveram-se estáveis, com 4% e 6%, respectivamente.
Mercado informal
A comparação entre o terceiro trimestre de 2024 com o mesmo período de 2023 mostra que o número absoluto de ocupados informais subiu 7% no Estado, valor superior ao do país, de 2,4%. O percentual do RS representa mais 128 mil pessoas no mercado informal. “A ocupação informal, uma medida de desproteção social do trabalho, se elevou com maior intensidade, no terceiro trimestre de 2024, entre os homens, os jovens, os idosos, os negros e entre as pessoas com níveis de instrução médio e superior completo”, resumiu Bastos.