Mercado de trabalho voltou a crescer em Passo Fundo

Flexibilização nas medidas de enfrentamento à pandemia, propiciada pelo avanço na vacinação, beneficiou a geração de empregos no município neste ano

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Município gerou, entre janeiro e novembro deste ano, 4,2 mil novos postos de trabalho (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)Município gerou, entre janeiro e novembro deste ano, 4,2 mil novos postos de trabalho (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Município gerou, entre janeiro e novembro deste ano, 4,2 mil novos postos de trabalho (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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O mercado de trabalho em Passo Fundo encerra o ano com notícias mais otimistas do que aquelas observadas nos primeiros meses de 2021, quando o avanço da pandemia e a insegurança econômica vivida em todo o país fizeram com que milhares de passo-fundenses perdessem seus empregos. Estabelecimentos como bares, casas de eventos e espaços culturais — além da rede hoteleira, que tende a registrar um maior número de hóspedes quando há eventos na cidade —, cujas restrições para funcionamento foram mais duradouras, relatam ter sido os mais afetados.

Ao analisar os dados compilados no Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), é possível observar como as oscilações no cenário empregatício acompanharam as medidas de enfrentamento à pandemia. Nos primeiros meses do ano, por exemplo, embora a situação ainda exigisse postura de cautela diante de uma série de prejuízos acumulados, a chegada da vacina era sinônimo de esperança para a população que, pouco a pouco, retomava suas atividades e começava a enxergar uma luz no fim do túnel. 

O clima de otimismo refletia-se nos índices de geração de emprego: em janeiro, Passo Fundo registrou saldo positivo de 418 vagas de trabalho; em fevereiro, abriu 997 postos de trabalho; em março, o saldo positivo chegou a 1.360. Neste período, o setor de serviços foi o maior propulsor na geração de empregos, consolidando-se como o carro-chefe da economia passo-fundense. De acordo com os dados do Novo Caged, dos 2.775 postos de trabalhos abertos em três meses, 2.084 foram graças à área de serviços. O número é resultado de 4.919 pessoas admitidas no setor, contra 2.835 funcionários demitidos.


Restrição nas atividades econômicas levou à queda nos índices de empregabilidade

O avanço vagaroso na cobertura vacinal contra o coronavírus no país, contra o crescimento exponencial de contágio do vírus, no entanto, logo obrigou diversos estados brasileiros a adotarem medidas mais restritivas para o combate à pandemia. Ainda em fevereiro, o governo do Rio Grande do Sul determinou regras como a suspensão geral das atividades não essenciais das 20h às 5h e, nos demais horários, limitou o funcionamento ao formato de tele-entrega ou pague e leve. A possibilidade de atendimento presencial só voltou a ser uma realidade em meados de março, ainda com restrições de horário.

Os impactos das medidas de distanciamento controlado nos índices de empregabilidade foram gravemente sentidos em abril, quando Passo Fundo encerrou 1.609 postos de trabalho, despencando nos índices de geração de emprego, com o pior saldo observado em 2021. E se, até então, o setor de serviços ocupava o papel de principal contratante no município, em abril ele passou ao de maior vilão. O painel de dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostra que, do total de 1.609 vagas encerradas em Passo Fundo, 1.431 foram na área de serviços, que promoveu 2.386 demissões e apenas 955 contratações.

Empresários passo-fundenses de segmentos como comércio, eventos e gastronomia chegaram a protestar, durante o mês de março, contra as medidas adotadas pelo poder público. As manifestações tomaram conta de espaços como a Praça do Teixeirinha, a Avenida Brasil e as rodovias ERS 135 e BR 135. O cenário, descrito como “catastrófico” por diversas categorias, pressionou o Estado a flexibilizar parte das regras para funcionamento das atividades.  

A decisão era vista por especialistas como equivocada diante do alto número de casos do coronavírus, em um dos meses mais letais da pandemia, mas não impediu que o governo fosse adiante. Em abril, o atendimento presencial já era permitido no Rio Grande do Sul de segunda a sexta-feira, com restrição de horário, posteriormente tendo sido autorizado também aos fins de semana. 


Em maio, município voltou a apresentar saldo positivo

Em Passo Fundo, mesmo quando o Estado autorizou a ampliação nos horários de funcionamento, o município manteve a determinação de fechamento dos estabelecimentos não-essenciais entre o fim da noite e o início da manhã até o mês de julho. Mesmo com a manutenção de algumas restrições, o afrouxamento em parte das regras já foi suficiente para começar a suscitar sinais de recuperação ainda no mês de maio, quando as empresas começaram a recontratar funcionários diante da possibilidade de funcionamento presencial. 

Conforme dados do Caged, no quinto mês do ano, o saldo de geração de emprego voltou a ficar positivo, ainda que subindo de maneira tímida, com 145 novas vagas. Em junho, o salto foi mais expressivo, acima dos 500, contra 182 em julho. Um novo aumento significativo foi novamente observado em agosto, quando o município abriu 564 vagas de trabalho e manteve-se em patamar semelhante até os últimos meses levantados pelo Ministério do Trabalho, com a abertura de 550 postos de trabalho em setembro, 610 em outubro e outros 523 em novembro. O setor de serviços permaneceu como o principal contratante.


Café com Emprego

Com o objetivo principal de aproximar as pessoas que estavam buscando emprego das empresas e entidades que dispunham de vagas em aberto, ampliando a geração de empregos no município, a Prefeitura de Passo Fundo lançou neste ano o programa “Café com Emprego”, em que a população foi convidada a tomar um café da manhã enquanto conversavam com as empresas participantes. 

O Município estima que a ação, que contou com duas edições, tenha resultado na contratação de 300 pessoas por empresas parceiras da iniciativa. Enquanto mais de 150 participantes foram admitidos na primeira edição, em agosto, cerca de 140 que estiveram presentes no segundo encontro, realizado em outubro, conseguiram um contrato assinado.


“Estamos em uma fase muito boa agora”

De preocupante e catastrófico, ao longo do ano o cenário econômico em Passo Fundo passou a ser visto como promissor, estabelecendo um ritmo constante de recuperação, e se aproxima do fim do ano com saldo positivo de 4,2 mil novas vagas de emprego geradas em 2021 até o mês de novembro, último mês contabilizado pelo levantamento até o fechamento desta edição. O estoque de vagas, indicador que considera o total de vínculos celetistas ativos, já passa de 63 mil.

 “A queda aconteceu, justamente, quando as medidas mais restritivas de enfrentamento à pandemia foram tomadas e as empresas precisaram fechar. Depois disso, o município voltou a crescer. Estamos em uma fase muito boa agora, a cidade está se movimentando, atraindo investimentos e isso vai de acordo com o que nós já acreditávamos: que Passo Fundo e o Rio Grande do Sul conseguiriam sair bem de toda essa crise”, considerou o coordenador da agência local do FGTAS/Sine, Sérgio Ferrari, em entrevista à reportagem de ON.

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