Os meses finais de 2021 trouxeram aos produtores rurais do Rio Grande do Sul a preocupação com o destino que suas produções tomariam, com uma estiagem que atingiu grande parte dos municípios gaúchos, provocando a perda de lavouras de milho e o atraso no plantio da soja. Mas 2021, inicialmente, foi o ano de recuperação e alívio para produtores de soja e trigo do Rio Grande do Sul.
Safra de Soja
A soja, após uma safra preenchida de prejuízos devido aos danos da estiagem do ano de 2020, voltou a atingir produtividades dentro das médias e preços antes nunca registrados pelos produtores. A safra 2020/2021 obteve produção recorde no Brasil, estimada em 135,9 milhões de toneladas, aumento de 8,9% em relação à safra 2019/2020. No Rio Grande do Sul, 60% da soja colhida no território foi exportada, sendo o complexo produtivo mais representativo do agronegócio para a economia estadual. Na região de Passo Fundo, 648 mil/ha foram cultivados com soja, onde cerca de 3,8 toneladas por hectare foram colhidas ao término dos trabalhos. Além disso, o segmento agropecuário empregou mais do que demitiu no município.
O plantio da soja sofreu atrasos em algumas regiões devido a estiagem enfrentada no último trimestre de 2020, situação que só foi revertida em janeiro, com o retorno das precipitações, que em fevereiro foram baixas em alguns municípios. Mas os volumes de chuva, na maioria adequados para o desenvolvimento da cultura, e a rentabilidade das sacas, cujos preços dobraram em relação a 2020, com a saca de 60kg valendo, em média, R$169,02 no mês de março, fez com que os produtores obtivessem mais lucro, ainda não impactados pelos efeitos do dólar nos insumos agrícolas.
Safra de Trigo
Na maior safra de inverno dos últimos seis anos, o trigo registrou um aumento de 35,9% da produtividade na região de Passo Fundo, em uma ampliação de 2.715 kg/ha para 3.690 kg/ha, posicionando as lavouras regionais na 2ª colocação do estado. Para além disso, houve um aumento da área de trigo cultivada em relação a 2020, passando de 73 mil/ha para 91,7 mil/ha, com uma produção de 338.491 toneladas no território dos 42 municípios que fazem parte da região.
A produtividade foi consequência de fatores climáticos favoráveis e a sanidade da planta. A chuva, que foi mais intensa em agosto, durante o período de floração do trigo, não causou problemas graves devido aos melhoramentos genéticos das cultivares que ajudaram a controlar o aparecimento de doenças fúngicas, como a giberela. Outro fator que colaborou para o sucesso da produção foi a alta no preço do milho, que pode ser substituído pelo trigo na fabricação de rações.