"Durante o sono REM, você tem aumento na atividade de redes que são importantes para codificar informação útil, e as redes que não são importantes tem atividade diminuída", explica Julien Braga Calais, pesquisador que desenvolveu o trabalho em sua dissertação de mestrado pelo Ipq (Instituto de Psiquiatria) da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) e pelo IP (Instituto de Psicologia), também da USP.
A sigla REM vem do inglês, e significa movimento rápido dos olhos, pois neste estágio do sono os olhos da pessoa se mexem. Além disso, no REM, que dura um curto período comparado aos outros estágios, há bastante atividade cerebral, similar ao estágio de vigília, estado em que se está acordado.
Esse estágio foi abordado na pesquisa de Calais, segundo a Agência USP de Notícias, que fez experimentos com ratos em laboratório, para compreender o mecanismo de formação de memórias durante o sono. O pesquisador analisou a expressão de genes relacionados à consolidação da memória. Ele descobriu que, entre os genes ativados durante o REM, estão os chamados Ppp2r2d, Egr1 e Fos, que potencializam a atividade celular e acionam proteínas que permitirão a memorização de uma informação por um longo período. Ao mesmo tempo, esses genes também diminuem a atuação de outras redes neurais, dando prioridade àquelas que operam no mecanismo de memorização.
Segundo Calais, uma das funções do sono é transmitir essas informações do hipocampo, região profunda do cérebro fundamental na memória, para o córtex, que é a camada mais externa do cérebro, responsável pelos movimentos do corpo e a realização de atividades intelectuais. "O que acontece é que, durante as primeiras fases da consolidação de memória, você tem uma estrutura principal relacionada, que no caso é o hipocampo. Mas, depois, o hipocampo passa a ser menos importante para o armazenamento daquelas informações e o córtex passa a ser fundamental para a memória de longa duração", diz o pesquisador.
Para chegar às conclusões da pesquisa, Calais fez algumas séries de testes com vários ratos. O pesquisador selecionou ratos jovens criados em laboratório e os separou em dois principais grupos. Em um deles, os ratos eram colocados numa caixa convencional, onde eram mantidos por cinco dias sem alterações no ambiente.
A matéria completa na edição do Caderno Medicina e Saúde desse final de semana (13-14)