O outono chegou. A estação é de transição. As temperaturas muito altas do verão vão dando lugar às temperaturas amenas. As manhãs e noites ficam mais frias. Entretanto, a diferença entre o que o termômetro marca pela manhã e no meio da tarde chega a lembrar a ocorrência de duas estações em um único dia. Quem sofre com isso? O organismo, que não consegue se acostumar com as constantes mudanças e acaba dando sinais de que alguma coisa não vai bem. Esses sinais aparecem em gripes e resfriados, crises de rinite, asma, pneumonias e bronquites.
Os públicos mais afetados são as crianças e os idosos, que desenvolvem esse tipo de problema com mais facilidade. Além disso, desde o ano passado uma preocupação a mais toma conta dos períodos de outono e inverno: a gripe A. Mas é possível ficar longe de tudo isso ou diminuir as complicações. Para saber como fazer isso, o Medicina & Saúde conversou com o médico pneumologista Gilberto Barbosa. Confira.
Medicina & Saúde - Qual a diferença entre a gripe e o resfriado?
Gilberto Barbosa - Essas doenças são causadas por vírus que costumam se manifestar por quadros clínicos diferentes. A gripe causada pelo vírus Influenza A é facilmente contagiosa e caracteriza-se por causar sintomas de início súbito, com febre alta (acima de 38ºC), tosse seca, dor de cabeça e dores musculares. Após a fase aguda (de três a cinco dias) pode persistir cansaço e fraqueza por uma a duas semanas. O resfriado (é causado por vários vírus) e apresenta-se como uma doença bem mais leve, tem início mais gradual, sendo raramente acompanhada por febre. Predominam os sintomas respiratórios altos (nariz congestionado e dor de garganta), pouca dor muscular e cansaço.
M&S - E qual a diferença entre gripe comum e a H1N1?
GB - É importante ressaltar que do ponto de vista de manifestações clínicas não tem como diferenciar a gripe comum (sazonal) da H1N1, pois os sintomas são iguais. A diferença é que o H1N1 tem um padrão de acometimento e gravidade da doença maior em pacientes mais jovens (o que é diferente da gripe comum). No ano passado, a grande maioria dos casos de gripe foi causada pelo H1N1, o que se espera que ocorra novamente este ano.
M&S - Como identificar sintomas de doenças respiratórias?
GB - Deve-se suspeitar de gripe naqueles indivíduos que apresentarem febre, tosse seca e dor de garganta, acompanhados ou não de mal-estar geral e dores musculares.
M&S - Quando procurar ajuda médica?
GB - Quando houver os sintomas listados anteriormente, deve-se buscar atendimento médico em uma unidade básica de saúde ou consultar com seu médico. É importante que as pessoas não se dirijam aos hospitais para fazer esse tipo de consulta.
M&S - Quais os principais cuidados que os pais devem ter com os filhos para evitar problemas respiratórios?
GB - Os cuidados mais importantes para evitar os problemas respiratórios são: evitar a exposição a mudanças bruscas de temperatura e, principalmente, manter as crianças agasalhadas. Outra medida seria a de tratar precocemente e adequadamente as doenças que costumam complicar quando associada com a gripe, como asma, bronquite, por exemplo.
M&S - O que pode agravar os sintomas dessas doenças (carpete, cortina, animal de estimação)?
GB - A exposição a esses alergenos pode agravar os sintomas naquelas pessoas que tem doença alérgica.
M&S - Quais os hábitos de higiene que podem manter as pessoas longe desses problemas?
GB - É importante salientar que atualmente nós temos disponível a vacina, que é muito eficaz e segura, e se constitui na principal forma de prevenção da gripe. Quem está nos grupos de risco não deve deixar de fazer a vacina. Os demais hábitos de higiene são aqueles bem conhecidos, que a população seguiu na epidemia de 2009, mas que hoje estão praticamente abandonados. São os cuidados para aquelas pessoas que tem tosse - não tossir (evitar) em ambientes públicos ou proteger a boca com lenço ou mesmo com a manga da camisa. Lavar as mãos com água ou sabão (ou usar álcool gel) quando entrar em contato com locais públicos (ex. ônibus) ao chegar em casa ou no trabalho, entre outras medidas.
Colaborou
Gilberto Barbosa, médico coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital São Vicente de Paulo
Estação das gripes
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