Chás: da tradição para a regulamentação

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Camomila, erva-doce, marcela e boldo são apenas alguns exemplos da grande variedade de espécies vegetais utilizadas em chás há centenas de anos. A tradição vem de geração em geração e basta conversar com a vovó para ela logo indicar o chá ideal para qualquer tipo de situação.

Mas o que era somente tradição, agora está regulamentado por um guia publicado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O objetivo do órgão, que faz parte do Ministério da Saúde, é popularizar esse conhecimento, esclarecendo quando e como as drogas vegetais devem ser usadas para se alcançar efeitos benéficos.

O alho, por exemplo, segundo a Anvisa, é um famoso expectorante e muitas pessoas têm o hábito de usá-lo com água fervente. No entanto, para aproveitar melhor as propriedades terapêuticas, o ideal é deixá-lo macerar, ou seja, descansar em água à temperatura ambiente. Essa é uma das informações que constam no guia.

Inaladas, ingeridas, usadas em gargarejos ou em banhos de assento, as drogas vegetais têm formas específicas de uso e a ação terapêutica é totalmente influenciada pela forma de preparo. Algumas possuem substâncias que se degradam em altas temperaturas e por isso devem ser maceradas. Já as cascas, raízes, caules, sementes e alguns tipos de folhas devem ser preparados em água quente. Frutos, flores e grande parte das folhas devem ser preparadas por meio de infusão, caso em que se joga água fervente sobre o produto, tampando e aguardando um tempo determinado para a ingestão.

Outra novidade da resolução diz respeito à segurança: a partir de agora as empresas vão precisar notificar à agência sobre a fabricação, importação e comercialização dessas drogas vegetais no mínimo de cinco em cinco anos. Os produtos também vão passar por testes que garantam que eles estão livres de microrganismos como bactérias e sujidades, além da qualidade e da identidade.

Além disso, os locais de produção deverão cumprir as Boas Práticas de Fabricação, para evitar que ocorra, por exemplo, contaminação durante o processo que vai da coleta, na natureza, até a embalagem para venda. As embalagens dos produtos deverão conter, dentre outras informações, o nome, CNPJ e endereço do fabricante, número do lote, datas de fabricação e validade, alegações terapêuticas comprovadas com base no uso tradicional, precauções e contra indicações de uso, além de advertências específicas para cada caso.

Drogas vegetais e fitoterápicos
As drogas vegetais não podem ser confundidas com os medicamentos fitoterápicos. Ambos são obtidos de plantas medicinais, porém elaborados de forma diferenciada. Enquanto as drogas vegetais são constituídas da planta seca, inteira ou rasurada (partida em pedaços menores) utilizadas na preparação dos populares chás, os medicamentos fitoterápicos são produtos tecnicamente mais elaborados, apresentados na forma final de uso (comprimidos, cápsulas e xaropes).
Todas as drogas vegetais aprovadas na norma são para o alívio de sintomas de doenças de baixa gravidade, porém, devem ser rigorosamente seguidos os cuidados apresentados na embalagem desses produtos, de modo que o uso seja correto e não leve a problemas de saúde, como reações adversas ou mesmo toxicidade.

Os mais procurados

Apesar da existência de um grande número de espécies utilizadas com fins terapêuticos, alguns são os mais procurados. Conheça cada um deles e suas propriedades, na lista elaborada pela farmacêutica Daiane Grando, da Natupharma.

* Anis estrelado: possui propriedades anti-inflamatória, antisséptica, calmante, cicatrizante. Auxiliar em bronquites, tosses e é expectorante. Eficaz para problemas digestivos, doenças da bexiga, gases e náuseas.
* Camomila: age como anti-inflamatório, analgésico, cicatrizante, antialérgico, cólicas. Na forma de compressas é útil como calmante da pele, auxilia no combate as olheiras. Em casos de dores de cabeça causadas por quadros gripais, melhora muito a dor.
* Malva: usado nas afecções das vias respiratórias, bronquites, tosse, age como diurético, estimulante e tonificante do sistema nervoso. Em casos de faringite, afecções na boca e garganta é muito eficaz na forma de bochechos e gargarejos.
* Cavalinha: age como diurético, anti-inflamatório, cicatrizante, revitalizante. Usados nas doenças renais e das vias urinárias aumentando a diurese. Em aftas e afecções de boca e garganta, usa-se bochecho ou gargarejo. Como adstringente para peles oleosas e com acne fazendo compressas.
* Guaco: utilizado contra gripe, rouquidão, infecção na garganta, tosse, bronquite, asma, antisséptico e anti-inflamatório. Age como broncodilatador e expectorante.
* Tanchagem: é adstringente, combate inflamações nos ouvidos, nos olhos, nas gengivas, na garganta, nas amígdalas, na faringe, no estômago, nos intestinos, nos rins e na bexiga. Usado para hemorroidas, problemas urinários. Auxilia contra diarreia, cólica infantil, febres intestinais, gripes, apendicite e inflamações.
* Espinheira santa: age como analgésico, antisséptico e cicatrizante. Possui propriedades diuréticas e laxativas leves. Externamente pode ser feito compressas para espinhas e afecções da pele. Indicado também para gastrite crônica, gases, fermentações gastrintestinal, moléstias do estômago, úlceras pépticas, males hepáticos e renais, azia, vômitos e digestão, irritações estomacais, atonia gástrica, hiperacidez, gastralgias, inflamação.
* Sene: laxante, depurativo, vermífugo. Indicado para o mau funcionamento intestinal, alivia os problemas de hemorroidas e fissuras anais, por facilitar as evacuações. Popularmente é usado como regulador intestinal, indicado para cólicas biliares, gases e obesidade, pois é auxiliar em regimes de emagrecimento.
* Quebra-pedra: indicado para eliminação de cálculos renais, nefrites, cistites, pielites. Possui ação diurética, antibacteriana, hipoglicemiante, antiespasmódica, hepatoprotetora, anticancerígena.
* Carqueja: indicado para afecções febris, gástricas, intestinais, aftas, amidaglite, estomatite, gengivite, desintoxicante do fígado. Possui ação laxativa leve é depurativo do sangue, auxilia no combate do colesterol e diabetes.

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