Distúrbio alimentar

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Os transtornos alimentares, cuja complexidade dificulta o conhecimento das causas, podem ser também herdados. Pesquisadoras da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP identificaram a herança psíquica dessas doenças atravessando gerações. Os resultados da pesquisa foram apresentados pela psicóloga Christiane Baldin Adami Lauand em sua dissertação de mestrado.

O estudo envolveu mães de adolescentes com anorexia nervosa que frequentaram o grupo de apoio psicológico aos familiares do Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto em 2008.

O estudo investigou os hábitos alimentares das mães buscando compreender a existência de transmissão psíquica. A psicóloga queria conhecer a relação que as mães construíram com a alimentação e o que aconteceu depois do diagnóstico de transtorno alimentar da filha. Chamou a atenção, o fato de a maioria das mães trazer história de restrição alimentar em algum momento da vida, principalmente na infância, seja por questões financeiras ou restrição autoimposta.
"Eram ruins de boca", lembra Christiane, dizendo que assim se classificavam. "Não gostavam de comer, não queriam comer. Em comum, todas vivenciaram situações de restrição alimentar e, agora, suas filhas estavam sofrendo de anorexia nervosa", conta a pesquisadora.

A pesquisa mostrou que, depois do episódio de restrição, essas mães tentaram modificar um pouco a história. Ao se tornarem mães, muitas delas ofereciam aos filhos abundância de comida ou alimentos muito calóricos. Queriam dar aquilo que não tiveram. Em um determinado momento, entretanto, as filhas passaram a restringir, por si mesmas, todo o alimento que tinham em excesso.

Christiane garante que esse mecanismo não é regra para todas as filhas de mães que viveram situações de restrição alimentar. "De alguma forma, aquela filha tem um psiquismo que absorve isso. E fica tentando resolver o problema que foi adquirido", explica. No próprio cuidado materno, a mãe transmite conteúdos para essa filha, influenciados por aspectos inconscientes. "A gente não sabe como essa mãe lidou com o seu trauma; ele deve ter ficado lá e, como um 'fantasma', pode ressurgir a qualquer momento", diz.

Fonte: Agência USP de Notícias

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