A obesidade está se tornando um problema cada vez maior na sociedade atual. No tratamento da doença, médicos clínicos e cirurgiões exercem papéis distintos, mas os dois especialistas concordam que, se não tratada, ela pode levar à morte. Este tema foi abordado na V Jornada de Nutrição Parenteral e Enteral do Planalto Médio, realizada nos dias 12 e 13 de agosto, pela Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN) do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).
Hugo Lisbôa, médico endrocrinologista, acredita que "a prevenção é tudo", salientando que a obesidade pode ser hereditária ou adquirida. "O perfil dos obesos é de pessoas que não fazem atividades físicas, não tomam café da manhã e se alimentam geralmente de comida rápida", complementa.
Nesse sentido, o médico afirma que os jovens estão ficando mais suscetíveis às consequências da doença, pois não têm o hábito de comer alimentos saudáveis. E é importante lembrar que a obesidade não vem sozinha, ela acarreta doenças do coração, hipertensão e diabetes, entre outras, conhecidas como comorbidades. Por isso, "é fundamental que as pessoas que apresentam sobrepeso procurem um especialista para realizar avaliação clínica e iniciar o tratamento", recomenda Lisbôa.
Mas nem sempre o tratamento clínico é o bastante. Muitos pacientes precisam recorrer à cirurgia bariátrica, utilizada por pessoas que apresentam obesidade mórbida (índice de massa corporal maior que 40). O procedimento consiste na redução do tamanho do estômago e desvio intestinal, o que faz o paciente comer e absorver menos, auxiliando para a diminuição de peso.
Carlos Augusto Madalosso, cirurgião do aparelho digestivo, a obesidade mórbida é responsável pela redução de aproximadamente 15 anos de vida do paciente e é apontada como a segunda causa de morte evitável do mundo.
Madalosso afirma que somente a redução de estômago não basta, é preciso fazer um acompanhamento antes e após o procedimento. "Todos os pacientes passam por uma avaliação com a equipe multiprofissional antes de realizar a cirurgia e seguem em tratamento por, em média, dois anos", destaca.
No primeiro mês de recuperação a alimentação é modificada aos poucos. Durante uma semana permanece com uma dieta líquida. Depois passa para dieta cremosa e, na terceira semana, a dieta pastosa. Após este período, volta a ter uma alimentação normal (com alguns cuidados).
O especialista comenta que os resultados são positivos, pois, diferente de outros tratamentos, "a cirurgia induz a uma desnutrição programada e não existe outro procedimento que tenha uma melhora tão significativa das comorbidades", enfatizou Madalosso.