Medicamento reduz mortalidade de prematuros

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Apesar de contar com o menor coeficiente de mortalidade infantil do Brasil, com 13,1 por mil nascidos vivos, enquanto a média nacional é de 23,3, o Rio Grande do Sul lançou duas novas ações de proteção aos bebês prematuros de baixo peso (menos de 1,5 kg ao nascer). As decisões contemplarão UTIs neonatais de 31 hospitais do RS, dentre eles, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) deverá ser um dos contemplados.

O Governo do Estado, através da Secretaria da Saúde, vai oferecer o medicamento Palivizumab na prevenção da infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e a abertura de ambulatórios especializados no atendimento ao prematuro Egresso das Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal. O Estado já adquiriu o medicamento, superando assim as demandas judiciais para seu fornecimento.

O período de aplicação do palavizumab, em 2010, será em agosto e setembro. Nos anos seguintes, ocorrerá entre maio e setembro, período em que mais ocorre a circulação do VSR no Rio Grande do Sul.

O Governo do Estado também instituiu o incentivo financeiro para implantação de ambulatórios especializados no atendimento ao prematuro egresso das Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal. Sua finalidade é garantir acompanhamento diferenciado aos recém-nascidos que recebem alta hospitalar, e será repassado aos 31 hospitais de Referência Estadual de Atenção à Gestante de Alto Risco, com acesso aos leitos viabilizado pelas Centrais de Regulação de Leitos.

Estes 31 hospitais atenderão 1,4% dos recém-nascidos do Rio Grande do Sul. São prematuros com peso ao nascimento inferior a 1,5 Kg, representando um universo de cerca de 2 mil crianças por ano. Destas, cerca de 1.200 sobrevivem devido ao acesso aos leitos de UTI neonatal, preferencialmente ainda intraútero. Isto oportuniza aos recém-nascidos recursos tecnológicos e humanos qualificados no cuidado diferenciado e especializado. Após a alta hospitalar, grande parte deles apresenta inúmeras situações de saúde decorrentes das sequelas da prematuridade, sem a continuidade dos cuidados diferenciados em nível ambulatorial, para que sobrevivam com a melhor qualidade de vida possível. Para saber o reflexo dessas medidas para a vida dos prematuros, o Medicina & Saúde conversou com a neonatologista do Centro de Terapia Intensiva Neonatal do HSVP, Ângela Consoli.

Medicina & Saúde - O que é VSR?
Ângela Consoli -
O vírus sincicial respiratório (VSR) é um RNA - vírus da família dos Paramyxovirus. Afeta essencialmente todas as crianças durante os três primeiros anos de vida. A infecção inicial costuma ocorrer durante o primeiro ano de vida. A reinfecção é bastante comum. O VSR causa epidemias entre os meses de abril a outubro. O vírus pode sobreviver por até seis horas em superfícies não porosas. Ocorre no inverno e início da primavera.

M&S - É um problema comum em prematuros?
AC -
A hospitalização devido à doença respiratória pelo VSR é mais comum em recém-nascidos prematuros abaixo de 32 semanas de idade gestacional. O VSR costuma causar inicialmente manifestações na nasofaringe, com coriza e congestão. Uma febre baixa pode estar presente no início do quadro. Durante os primeiros dois a cinco dias, pode progredir para infecção do trato respiratório inferior, com aparecimento de tosse, dispneia (ou falta de ar) e sibilos (chiado). As infecções graves são mais encontradas em crianças com cardiopatias congênitas ou prematuros com displasia broncopulmonar.

M&S - É possível evitar?
AC -
Para evitar é preciso que se mantenha precauções, evitando contato durante o tempo que evoluir o quadro. As secreções infectadas permanecem viáveis por até seis horas sobre as superfícies. Por isso, deve-se lavar cuidadosamente as mãos, sempre.

M&S - Qual a eficácia do medicamento Palivizumab?
O Palivizumab serve para prevenção do VSR. Oferece imunidade passiva, visto que é um anticorpo monoclonal de VSR humanizado. Deve ser administrado na forma de injeção intramuscular mensalmente, durante a temporada do VSR. O Palivizumab está indicado para todos os recém-nascidos prematuros com idade gestacional menor que 28 semanas. Estes devem receber profilaxia até um ano de idade. Os prematuros com idade gestacional de 29 a 32 semanas devem receber profilaxia até seis meses de idade, durante os meses de sazonalidade do VSR. O Palivizumab produz uma redução de 55% nas hospitalizações de prematuros menores de 35 semanas e menores de 24 meses com displasia broncopulmonar.

Colaborou
Ângela Consoli, neonatologista do Centro de Terapia Intensiva Neonatal do HSVP

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