Por Adroaldo Basêggio Mallmann
Esta pergunta, ser médico, é frequentemente questionada entre a população e entre os próprios profissionais médicos. Ser médico é uma profissão de renúncias e de silencioso sacrifício.
Estas renúncias e sacrifícios estão relacionadas nas condutas dos futuros médicos, que iniciam desde a adolescência. Desde o momento que o jovem se determina a ingressar na faculdade de medicina, dedica-se quase que em tempo integral ao estudo, para ter melhores chances de superar uma concorrência cada ano mais acirrada no vestibular.
Após o ingresso na Faculdade de Medicina, o professor médico sensibiliza o aluno ao interesse científico e a partir daí o seu aperfeiçoamento. Para que isto ocorra o estudo é de tempo integral e à medida que passam os anos da faculdade, mais empenho tem de desenvolver, pois além do currículo normal, geralmente os alunos realizam estágios extracurriculares, para desenvolver melhor a prática médica e, em conseqüência, o seu tempo de vida familiar, de lazer, é cada vez mais restrito. Isto é importante, pois a formação de um médico é extremamente complexa e cada vez mais difícil devido ao desenvolvimento técnico-científico.
Após a colação de grau, novamente o médico, agora já formado, entra em uma nova disputa que é a residência médica. Disputa esta tão árdua quanto foi no ingresso para a faculdade de medicina. Atualmente a oferta de vagas para a residência médica é somente 50% de todos os formandos por ano. A residência médica é o caminho para a diferenciação do profissional médico nas várias áreas que venha a atuar. Para que isto ocorra, novamente o médico está abrindo mão do lazer, do convívio familiar, para continuar no estudo, no aperfeiçoamento, através dos mais variados caminhos disponíveis (internet, revistas científicas, conferências, congressos).
O aprimoramento e permanente atualização do médico durante a sua vida profissional têm como nobre objetivo proporcionar a seu paciente tudo aquilo que há de mais moderno e avançado em sua especialidade, pois a função do médico é protagonizar a prevenção, o diagnóstico, tratamento e o bem-estar da pessoa humana.
O médico é um profissional altamente qualificado que precisa estudar e qualificar-se durante toda a vida, para ser capaz de tomar decisões rápidas e geralmente acertadas nas mais variadas situações.
Não há outra atividade humana que traga tanta satisfação e júbilo diante de uma vitória contra a morte.
Ser médico é ser humano, ser paciente, ser tolerante, ser ágil, é estar comprometido com a ética e com a sua própria consciência profissional.
Ser médico é atuar na arte da medicina, isto é, ver, ouvir e examinar a pessoa humana.
Adroaldo Basêggio Mallmann é diretor da Faculdade de Medicina e professor do módulo Sistema Neurosensorial e Comportamental