Avanços no tratamento de câncer

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O mês de outubro foi marcado pela realização do 35º Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica. O evento reuniu mais de 15 mil profissionais da área e foram apresentados cerca de 1.300 trabalhos. Os oncologistas do Centro Integrado de Tratamento Onco-hematológico (Cito), Rodrigo Ughini Villarroel, Luis Alberto Schlittler e Nicolas Lazaretti estiveram presentes no congresso, onde foram apresentadas as novidades em prevenção, diagnóstico e tratamento dos diversos tipos de câncer. Conheça as novidades levadas ao evento e selecionadas por eles.

Câncer de próstata
Dr. Johan de Bono do Hospital Royal Marsden no Reino apresentou resultados de estudo comparando a abiraterona (inibidor potente da enzima CYP17-hydroxilase) com placebo (substância sem efeito terapêutico) em 1.195 pacientes com câncer de próstata avançado e que estavam com sua doença progredindo apesar de já terem sido previamente tratados com todas as estratégias usuais de bloqueio hormonal e quimioterapia. A sobrevida dos pacientes que receberam a abiraterona foi claramente maior com a vantagem de terem sido observados mínimos efeitos colaterais.

Câncer de pulmão
O estudo OPTIMAL foi o primeiro capaz de demonstrar que em pacientes com câncer de pulmão avançado e que são portadores de uma mutação no gene conhecido como EGFR o uso do erlotinibe (medicação que atua seletivamente nas moléculas do câncer bloqueando processos específicos da duplicação celular) foi superior ao uso das quimioterapias tradicionais (gemcitabina e carboplatina), ou seja, estes pacientes apresentaram uma maior chance de controlar a evolução do câncer por um prazo de tempo maior.

Câncer de ovário
O Dr. Tim Perren do Reino Unido relatou os resultados preliminares de estudo com 1.528 mulheres com câncer de ovário comparando o tratamento padrão de quimioterapia após a cirurgia com o mesmo tratamento acrescido do anticorpo bevacizumabe, que atua bloqueando a ação das proteínas que estimulam a formação de vasos sanguíneos para as células tumorais. A análise apresentada mostrou que a adição do bevacizumabe reduziu em 15% o risco de progressão do câncer de ovário nestas pacientes.

Outros destaques
* Estudo realizado na Alemanha pelo Dr. Leonard Bastian demonstrou que uma técnica cirúrgica conhecida como cifoplastia por balão alivia fraturas dolorosas da espinha dorsal em pacientes com câncer metastático. Vários pacientes com mieloma múltiplo, ou aqueles cujo câncer se espalhou para além do local do tumor original, sofrem de fraturas de compressão em sua espinha dorsal. Essa técnica cirúrgica parece oferecer alívio rápido e efetivo para as debilitantes fraturas da espinha dorsal frequentemente sofridas por estes pacientes.
* Pela primeira vez, os cientistas reportaram prova direta de que começar a fumar resulta em mudanças genéticas associadas com o desenvolvimento do câncer.
* Estudo realizado na Bélgica revela que a amamentação é segura para mulheres após tratamento contra câncer de mama, ou seja, mulheres que sobreviveram ao câncer de mama não devem ter a oportunidade de amamentar seus filhos negada. Não foram identificadas evidências de que a amamentação seja perigosa para a mãe ou para a criança depois do tratamento contra o câncer de mama.
* Pesquisadores americanos provaram que a adição de Cetuximab (anticorpo direcionado contra proteínas presentes na célula tumoral) à quimioterapia duplica a taxa de resposta em câncer de mama do tipo “triplo negativo”, considerado atualmente de difícil tratamento, fornecendo benefício clínico substancial para estas mulheres.
* Uma análise combinada de vários estudos concluiu que o prolongamento da quimioterapia de primeira linha melhora os resultados para pacientes com câncer de mama metastático. Pacientes com câncer de mama metastático vivem em média mais tempo caso sua quimioterapia seja prolongada depois de o câncer estar sob controle.
* Um novo medicamento oral conhecido como V600, que está sendo desenvolvido para tratar de melanomas, cânceres de pele muito agressivos, mostrou uma habilidade promissora de diminuir tumores secundários, conhecidos como metástases, no cérebro de pacientes com formas avançadas da doença.

Colaboraram
Luis Alberto Schlittler
Nicolas Lazaretti
Rodrigo Ughini Villarroel
médicos oncologistas do Centro Integrado de Tratamento Onco-hematológico

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