Seu filho quer colocar piercing e fazer tatuagem. E agora?

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Uma das características da adolescência é agir por impulso. E é normalmente nesta época da vida que muitos decidem por colocar piercing ou fazer uma tatuagem. Quem é pai ou mãe sabe o quanto é difícil argumentar nestes momentos, principalmente porque se tratam de procedimentos que deixarão marcas pelo resto da vida, especialmente quando se o assunto for tatuagem. Por isso, é preciso estar atento para os riscos que podem vir junto com a decisão e cabe aos pais fazer este alerta aos filhos.

Conforme o médico Gilberto da Luz Barbosa, coordenador do serviço de controle de infecção do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), o período da adolescência é de muita instabilidade emocional, quando é comum que o adolescente não tenha uma capacidade crítica adequada e, “portanto, não avalia as consequências futuras da decisão atual. Por isso, os pais devem argumentar os riscos do procedimento e enfatizar, dependendo da localização do piercing, a possibilidade de ficarem cicatrizes permanentes”, alerta o médico.

Os piercings colocados no nariz e orelha podem induzir a formação de cicatrizes deformantes que necessitam de cirurgias reparadoras, de acordo com o médico. Já “os de localização lingual podem causar edema importante e obstrução respiratória”, destaca. Com isso, Barbosa ressalta que é preciso ter em mente que a colocação do piercing é um procedimento invasivo, que “promove a quebra das barreiras naturais de defesa e, portanto tem risco de infecção no local de aplicação. As mais frequentes são as infecções da ferida causada por estafilococos. Também existe o risco de contaminação pelos vírus da hepatite e HIV. Até um ano após a colocação de piercing ou realização de tatuagem a pessoa não poderá ser doadora de sangue”, salienta o médico.

Cuidados na tatuagem
Segundo Barbosa, a tatuagem, da mesma forma que o piercing, é um procedimento onde há quebra da barreira natural de defesa e, portanto, expõe o indivíduo às possíveis contaminações por bactérias e vírus. “Após decidir a realização do procedimento, gaste um pouco de tempo com seu filho para definir quem vai fazer o procedimento, esteja seguro que o profissional usa material descartável ou esterilizado e trabalhe em condições ideais de limpeza e higiene do ambiente”, ensina Barbosa.

De acordo com ele, é importante que a pessoa visualize a abertura do kit lacrado com os materiais a serem utilizados e depois acompanhe o descarte. “Os locais que realizam o procedimento devem possuir alvará sanitário em local visível, embora isto não garanta a segurança do procedimento, pois tudo depende de uma efetiva vigilância que certamente não é feita em todas as cidades”, enfatiza.

Além disso, conforme o médico, é importante identificar no local de atendimento, verificando “se existe um ambiente adequado onde é realizada a limpeza, desinfecção e esterilização dos materiais. Também é importante observar os cuidados tomados pelo profissional no momento do procedimento, que deve incluir higienização adequada das mãos, uso de luvas, avental, máscara e touca, além da higienização adequada do local aonde vai ser realizado o procedimento”, avalia Barbosa.

Riscos
Nos dois procedimentos, tanto na colocação do piercing como na tatuagem, existem alguns riscos a que a pessoa pode estar sujeita. “A colocação de piercing e tatuagem pode ocasionar infecções da ferida do procedimento, geralmente causada por bactérias que fazem parte da flora normal da pele. Além disso, pode causar contaminação, principalmente pelos vírus da hepatite B e C e pelo HIV”, argumenta Barbosa. Por isso, todo cuidado deve ser tomado depois da decisão por algum desses procedimentos.

Colaborou
Gilberto da Luz Barbosa, coordenador do serviço de controle de infecção do HSVP, professor da Faculdade de Medicina da UPF e mestre em Clínica Médica

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