Na segunda matéria da série sobre sintomas e orientações a respeito do câncer, o tema abordado pelos profissionais do Centro Integrado de Tratamento Onco-hematológico (Cito) é o câncer próstata. Fique atento aos sintomas e confira como é feito o diagnóstico.
Câncer de próstata
O câncer de próstata é a segunda maior causa de óbitos por câncer em homens, sendo superado apenas pelo de pulmão. Estima-se que no Brasil sejam diagnosticados mais de 130 casos novos por dia.
O Rio Grande do Sul é o estado que apresenta a maior taxa bruta, com 82 novos casos por ano a cada 100 mil habitantes.
Como surge?
O câncer da próstata surge quando, por razões ainda não totalmente conhecidas pela ciência, as células da próstata passam a se dividir e se multiplicar de forma desordenada, levando à formação de um tumor. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos do corpo e podendo levar à morte. Uma grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta que não chega a dar sintomas durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem.
Sintomas
O câncer de próstata em sua fase inicial tem uma evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos sintomas do crescimento benigno da próstata (conhecido como hiperplasia benigna de próstata):
• jato urinário cada vez mais fraco;
• dificuldade ou demora para iniciar a micção;
• necessidade frequente de urinar;
• interrupção involuntária do jato urinário (interrompe e volta a urinar);
• presença de sangue na urina;
• dor ou sensação de queimação durante o ato de urinar;
• urgência (sensação de que não pode postergar o ato de urinar);
• sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.
Uma fase avançada da doença pode ser caracterizada por um quadro de dor óssea, piora dos sintomas urinários ou, quando mais grave, por infecções generalizadas ou insuficiência renal.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de próstata é feito pela biópsia da próstata. Entretanto, para sabermos em quais pessoas esta biópsia pode ser indicada, precisamos saber quando é que existe um maior risco do câncer estar presente. Para isso, fazemos geralmente dois tipos de exames: o exame clínico (toque retal) e a dosagem do antígeno prostático específico (PSA, sigla em inglês). Eventualmente também é feita a ultrassonografia pélvica (ou prostática transretal, se disponível). Estes exames combinados poderão mostrar a necessidade de se realizar a biópsia prostática transretal. Muitos homens têm a idéia de que a dosagem sanguínea do PSA é suficiente para o rastreamento do câncer de próstata. Na realidade não é, pois apesar de o PSA ser o teste mais sensível para a detecção do câncer de próstata, níveis normais de PSA podem ser encontrados em até cerca de 20% dos casos de câncer de próstata. Embora, o exame de toque também possa falhar, fazendo os dois exames juntos a probabilidade de acerto quanto ao diagnóstico é maior. Portanto, um exame não exclui o outro. Ao contrário, um complementa o outro para aumentar as chances do diagnóstico precoce.
O que é o toque retal?
O médico introduz o dedo médio no reto do paciente, palpando assim com facilidade a próstata.
O câncer de próstata quase sempre aparece na face posterior da próstata. É aí que ele cresce. Com o toque retal, o médico sente se há áreas endurecidas na próstata que é um órgão de consistência mole. Quando surge o câncer, ela adquire uma consistência diferente.
Biópsia
A biópsia é a retirada de um pequeno fragmento da próstata para exame no microscópio e é feita quando e exame de toque retal está alterado e/ou nível de PSA está muito alto. É importante ressaltar que o fato do PSA estar elevado não indica necessariamente um câncer. Alguns doentes com crescimento benigno da próstata e outros com pequenos focos de infecção nesse órgão produzem mais PSA do que deveriam. A biópsia é feita geralmente com o auxílio do exame de ultra-sonografia.
PSA
A próstata elimina uma substância que não é produzida por nenhum outro órgão, sendo possível ser dosada na circulação sanguínea. Seu nome é antígeno prostático específico, conhecida como PSA (que é a tradução para a língua inglesa).
O PSA possui o seu valor correlacionado pela quantidade de tecido prostático, isto é, quanto maior a próstata, maior é o PSA. A célula cancerosa produz mais PSA do que uma célula prostática normal. Desta forma, se avaliarmos o tamanho da próstata teremos um valor esperado, se o valor deste PSA estiver muito elevado provavelmente não se trata de uma hiperplasia benigna, mas talvez um tumor maligno.
Deve-se tomar cuidado ao se interpretar o valor do PSA, sempre fazendo correlação com o tamanho da próstata evitando fazer dosagens após manipulações da próstata, como toque retal, biópsias, passagem de sonda vesical ou exames endoscópicos urinários. Outra situação onde o PSA pode estar elevado é na presença de processo inflamatório como a prostatite.
Importante
De maneira geral, todos os homens acima de 50 anos, após discussão detalhada com seu médico, devem fazer um exame de toque retal e dosagem do PSA anualmente.
Homens de raça negra ou com histórico familiar de câncer de próstata podem iniciar os exames de rastreamento mais cedo. Apenas aqueles que apresentarem alguma alteração suspeita deverão prosseguir para uma investigação mais detalhada.
Colaboraram
Luis Alberto Schlittler
Rodrigo Ughini Villarroel
Nicolas Lazaretti
médicos oncologistas do Centro Integrado de Tratamento Onco-hematológico (Cito)
Câncer: sintomas e orientações
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