Partes pequenas que se soltam, embalagens que favorecem a sufocação. É preciso ter cuidado com os brinquedos que as crianças manipulam, especialmente nesta época, em que a oferta é maior por conta dos presentes de Natal. Isso, porque o maior índice de acidentes com crianças acontece dentro de casa. Anualmente, mais de 700 crianças morrem vítimas de sufocações e mais de 73 mil são hospitalizadas por quedas, dois dos acidentes mais relacionados a brinquedos.
É por este motivo que com a chegada do Natal, a ONG Criança Segura alerta pais e responsáveis para alguns cuidados especiais que devem ser levados em conta no momento da escolha do presente das crianças. Alguns brinquedos podem causar lesões graves e representar perigo na mão dos pequenos. Os acidentes representam a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil.
Brinquedos oferecem diversão e contribuem para o aprendizado da criança. Mas alguns deles podem oferecer sérios riscos de acidentes, como sufocações e quedas. Para uma brincadeira segura é preciso ficar atento à presença do selo do Inmetro no produto, além de verificar na embalagem se determinada peça é indicada para a faixa etária da criança. A supervisão constante do adulto responsável também é essencial.
O perigo
A sufocação é um dos acidentes que pode ocorrer no momento da brincadeira. É preciso notar se o brinquedo possui peças miúdas que podem se soltar. Na chamada "fase oral", as crianças estão explorando o mundo e tendem a fazê-lo colocando brinquedos e outros objetos na boca. Segundo o Ministério da Saúde, em 2007, 701 crianças morreram vítimas de sufocações. No caso de bebês com até 1 ano, é a sufocação a principal causa de morte em comparação aos outros tipos de acidentes. Recentemente, a Criança Segura lançou uma campanha para evitar a sufocação no ambiente doméstico, que pode ser acessada no endereço: crianca-segura.ning.com/page/campanhas-2010.
Quedas
A queda também é um risco constante e a principal causa de hospitalização entre os acidentes com crianças de até 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2007, 73.455 crianças foram internadas vítimas de quedas. Bicicletas, skates e patins devem ser oferecidos à criança acompanhados dos equipamentos de segurança como capacete, joelheiras e cotoveleiras. O local da brincadeira deve ser escolhido com cautela: longe de carros, piscinas e escadas.
Substâncias tóxicas
O uso de substâncias tóxicas como mercúrio e chumbo nos produtos e a presença de arestas ou formas pontiagudas podem causar intoxicação e ferir a criança. Os responsáveis também devem evitar produtos com elementos de aquecimento, como baterias e tomadas elétricas para crianças com menos de oito anos, pois podem causar queimaduras. A organização dos brinquedos também é importante para evitar riscos. Brinquedos para crianças maiores podem ser perigosos para os menores e devem ser guardados separadamente.
Dados
Segundo DATASUS/Ministério da Saúde, em 2007 (dados mais atuais), 5.324 crianças de até 14 anos morreram vítimas de acidentes. A maior parte destes acidentes aconteceu no trânsito (2.134 mortes), seguido de afogamentos (1.382), sufocações (701), queimaduras (337), quedas (254), intoxicações (105), acidentes com armas de fogo (52) e outros (359). No caso das hospitalizações por acidentes, foram 136.329 no total, a maior parte delas por quedas (73.455 internações), posteriormente, acidentes de trânsito (15.194), queimaduras (15.392), intoxicações (5.013), acidentes com arma de fogo (551), sufocações (548), afogamentos (528) e outros (25.648). O acidente é uma séria questão de saúde pública que pode ser solucionada em 90% dos casos com ações de prevenção como a disseminação de informações sobre o tema, mudança de comportamento, políticas públicas que assegurem infraestrutura e ambientes seguros para o lazer, legislação e fiscalização adequada.
Atendimentos
Diariamente a emergência do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) recebe crianças vítimas de acidentes para atendimento. Segundo a médica Stefânia Simon Sostruznik, responsável pelos atendimentos da emergência pediátrica, “os tipos de acidentes mais comuns na emergência pediátrica são queda da própria altura, do berço, do carinho, de bicicleta, ingestão acidental de produtos de limpeza ou medicações, ingestão de corpos estranhos como moeda, botão e brinquedos, politraumas (acidentes automobilísticos ou atropelamento), queimaduras e choque elétrico”, explica a médica.
Por isso, ela alerta: criança precisa de supervisão enquanto brinca. “Toda criança deve ser supervisionada por um adulto durante as brincadeiras dentro e fora de casa. Medicações e produtos de limpeza nunca devem ficar ao alcance da criança. Sempre se deve ter o cuidado com as crianças menores de dois anos que, por serem mais curiosas, mexem em tudo e são as mais suscetíveis a choques elétricos, queimaduras, ingestão de corpos estranhos e quedas”, salienta. Segundo Stefânia, crianças até pelo menos os 10 anos devem ser supervisionadas.
Dentre os principais cuidados, de acordo com a médica, estão o armazenamento dos produtos tóxicos. “Deve-se ter muito cuidado com produtos de limpeza, pois a maioria são abrasivos, contendo soda cáustica ou desengordurantes potentes que podem causar lesões gastrointestinais irreversíveis. Muita atenção também com medicamentos, pois muitas vezes as crianças apresentam sintomas de intoxicação medicamentosa, sem que os pais tenham percebido a ingesta de medicações”, alerta.