Separação sem traumas

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Encarar brigas dos pais é uma das tarefas mais difíceis dos filhos. E quando elas são apenas o início do processo que termina na separação, as crianças costumam ficar divididas. Mas é assunto para os pais fazer com que os filhos vivam a situação da melhor maneira possível.

De acordo com a psiquiatra Gabriela Valério, “o divórcio é o maior rompimento no processo do ciclo de vida familiar. E, atualmente, é uma constante social. Afeta os membros da família em todos os níveis geracionais, provocando uma crise para a família como um todo. Pesquisas indicam que o sistema familiar requer de um a três anos para lidar com a divisão, restabilização e continuar seu processo de desenvolvimento normal”, destaca a médica.

Todos sofrem numa separação, mas os filhos sempre são os mais afetados. “Dentre todos que podem ser afetados pelo divórcio de um casal, estão os filhos como os mais propensos. As repostas emocionais dos filhos podem variar de acordo com a fase do desenvolvimento e com a estrutura psicológica que apresentam”, explica Gabriela.

A maioria das separações acontece, no entanto, quando os filhos são pequenos e tem dificuldade de entender como os pais não querem ficar juntos. “Segundo pesquisas, a família corre maior risco de divórcio durante a fase em que os filhos são pequenos. Nessa fase, o casal precisa fazer a transição de redefinir o seu relacionamento, de assumir o papel de cuidador e de realinhar-se com a família, amigos e comunidade. E, nesse estágio de desenvolvimento, os filhos são muito afetados. No divórcio com os filhos em idade pré-escolar, eles podem regredir de estágio de desenvolvimento de várias maneiras, como: ansiedade de separação, dificuldades no sono, molhar a cama, apego excessivo, medo de qualquer saída. Essas manifestações da criança em reação ao divórcio e a resposta dos pais podem interferir com o desenvolvimento da identidade sexual”, alerta a psiquiatra.

Mas não é só nessa fase que as consquências aparecem. “No divórcio com os filhos na idade da escola elementar, onde as crianças estão entre seis a oito anos, elas passam por dificuldades maiores do que qualquer outra etapa, afinal as crianças são suficientemente crescidas para perceberem o que está acontecendo, mas ainda não têm a capacidade adequada para lidar com o rompimento. Elas podem desenvolver problemas escolares, como o mau desempenho, comportamento problemático com os amigos ou autoridades e sintomas físicos”, avalia a médica.

Adolescência
Raiva pode ser uma das reações dos filhos quando a separação dos pais acontecem na fase em que estão na adolescência. “No divórcio com os filhos adolescentes, em virtude da natureza instável dessa idade, as reações podem ser de raiva e desejo de um lar estável. Os adolescentes podem seguir dois caminhos: para aqueles que estavam tendo dificuldades, o divórcio cria uma carga adicional, aumentando o risco de problemas emocionais; para outros, a mudança na participação da vida familiar pode ser uma experiência amadurecedora. Os filhos, nessa idade, podem envolver-se em comportamentos autodestrutivos, como: matar aula, fracassos na escola, abuso de substâncias, dentre outros. Mas, lidar com o adolescente é difícil mesmo quando o casamento é intacto”, ressalta Gabriela.

Clareza
O melhor de tudo, em qualquer fase da vida dos filhos, é tratar do tema com eles e de forma esclarecedora, sem que se sintam culpados pelo fracasso do casamento dos pais. “Tratar o assunto com clareza e verdade, numa linguagem que seja compreensível, pode ser uma das melhores ferramentas disponíveis aos pais para lidar com o assunto”, ensina a psiquiatra.

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