Dormir bem é essencial

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Quem dorme pouco acorda de mau humor, cansado e irritado. Além disso, segundo pesquisa da Unifesp, acorda com o sistema de defesa do organismo alterado. Um novo estudo mostrou como as diferentes formas de privação do sono atrapalham o sistema de defesa, a partir do acompanhamento de 32 adultos saudáveis que foram divididos em três grupos.
O primeiro grupo passou por uma privação total de sono de 48 horas. Os participantes foram monitorados e realizaram atividades como ler ou acessar a internet. O segundo grupo foi se deitar normalmente e teve o sono avaliado por exames de polissonografia. Quando o indivíduo atingia o sono REM, era acordado. Isso aconteceu por quatro noites. Todos foram comparados a um grupo controle, que dormiu regularmente.

Analisando as amostras de sangue dos participantes, os autores constaram que as situações de privação do sono tiveram impactos. Passar noites em claro levou ao aumento dos glóbulos brancos, células que defendem o organismo ao primeiro sinal de invasão. O aumento desses níveis sinaliza uma inflamação sistêmica. Tal situação não foi revertida após três noites de recuperação.

Entretanto, algumas pessoas sofrem de distúrbios do sono, que precisam ser identificados pela atuação de médicos especialistas. Para saber o que são, como acontecem e como identificar estes problemas, o Medicina & Saúde conversou com médico neurologista Alan Frohlich. Confira.

Medicina & Saúde - Como é possível identificar os distúrbios do sono?
Alan Frohlich -
Os indivíduos podem sofrer de distúrbios do sono se apresentarem algum dos sintomas abaixo:
- Roncos, engasgos ou paradas respiratórias (apneias) durante o sono;
- Sonolência, cansaço excessivo, dor de cabeça, irritabilidade, falta de concentração ou memória durante o dia;
- Insônia, caracterizada pela dificuldade de iniciar ou manter o sono;
- Movimentos ou comportamentos anormais durante o sono, como falar, gritar, levantar, caminhar, mastigar ou ranger os dentes (bruxismo).
O diagnóstico das doenças do sono é feito através de consulta médica especializada e, em muitos casos, em conjunto com a realização de um exame de polissonografia.

M&S - Este problema pode ocorrer com pessoas em qualquer idade?
AF -
Sim, os distúrbios do sono ocorrem em todas as idades e são muito comuns. A apneia do sono, por exemplo, afeta aproximadamente 5% dos adultos e até 20% dos idosos. Infelizmente, esta doença tratável é pouco diagnosticada, implicando em graves complicações devido à sonolência diurna, como perda de produtividade e acidentes de trânsito. Muitas pessoas apresentam privação crônica de sono devido ao menor tempo reservado para dormir. Isto ocorre devido às muitas atividades do dia-a-dia, como trabalho e estudos. Crianças e adolescentes também dormem cada vez menos que o mínimo necessário, acarretando em déficit de aprendizado, alterações no comportamento e risco de acidentes.

M&S – Existe tratamento para todos os distúrbios?
AF -
A grande maioria dos distúrbios do sono tem tratamento, que varia conforme a patologia. O importante é o diagnóstico e tratamento precoces, a fim de evitar as diversas complicações, como o aumento das doenças cardiovasculares nos pacientes com apneia do sono.

M&S - Como funciona o exame que é feito enquanto a pessoa dorme?
AF –
O exame utilizado no diagnóstico de diversas doenças do sono chama-se polissonografia. Durante o exame, vários sensores e fios são colocados no corpo do paciente, os quais são conectados a um equipamento que permite, posteriormente, a análise dos parâmetros fisiológicos do sono, como as ondas cerebrais, a respiração, os batimentos cardíacos, a oxigenação e os movimentos corporais. Em alguns casos, o paciente pode também ser filmado durante o sono. O exame é totalmente seguro e não apresenta nenhum risco, uma vez que o objetivo é observar o sono habitual do paciente. Este teste dura a noite toda e o paciente permanece acompanhado de um técnico em polissonografia.

M&S – Quais os fatores de risco para o problema?
AF –
Os fatores de risco diferem de acordo com os diferentes distúrbios do sono. Podemos citar obesidade, sedentarismo, alterações craniofaciais, predisposição genética, idade, presença de outras doenças clínicas e distúrbios psiquiátricos como alguns dos fatores associados.

M&S - Alimentar-se durante a noite é um sintoma de quem sofre de distúrbio do sono?
AF –
Sim, pode ser o sintoma específico de uma doença chamada Distúrbio Alimentar Relacionado ao Sono, em que o paciente apresenta alimentação involuntária durante o sono. Esta patologia está frequentemente associada a outros distúrbios primários do sono, especialmente o sonambulismo.

Colaborou
Alan Frohlich, médico neurologista

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