Dia Internacional da Mulher

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Cuidados com a saúde devem fazer parte do dia-a-dia da mulher moderna

Mulheres de negócios, mulheres trabalhadoras, mulheres mães, mulheres donas de casa. Haja fôlego para desempenhar todas estas tarefas num mesmo dia e, às vezes, ao mesmo tempo. Com tantos afazeres, muitas acabam deixando de lado a preocupação com a saúde. E a consulta ao ginecologista, que deveria ser, pelo menos, anual, acaba sempre ficando para mais tarde. O tempo passa, os anos correm, e os problemas aparecem. É por isso que não descuidar da saúde deve fazer parte das preocupações da mulher moderna.

As dicas sobre quais os exames, a regularidade das consultas e as formas de manter o cuidado com a saúde são dos médicos Álvaro Machado e Lieverson Guerra, do Centro de Oncologia e Hematologia do Planalto (COHP). Confira.

Medicina & Saúde - Com qual regularidade as mulheres devem procurar o ginecologista?
COHP
- As mulheres devem iniciar o exame ginecológico a partir do início da atividade sexual ou a partir dos 18 anos de idade. Este exame deve ser anual e inclui o esfregaço do colo uterino, conhecido como papanicolau. Isto é capaz de detectar lesões muito precoces e prévias ao câncer do colo uterino, permitindo o tratamento curativo. Fundamental para o sucesso deste exame é uma boa coleta do esfregaço e análise do material por profissional competente. Após três anos consecutivos de exames absolutamente normais, o intervalo entre os exames do esfregaço do colo uterino pode ser mais espaçado, dependendo da indicação do ginecologista.

Medicina & Saúde – Que riscos o HPV pode causar à saúde da mulher?
COHP -
Cabe ressaltar que o principal fator predisponente ao câncer do colo uterino é a infecção pelo vírus HPV. Este vírus tem transmissão sexual e a prevenção é centrada no uso do preservativo (camisinha), limitação do número de parceiros sexuais e pela vacinação. A vacina contra o HPV é bastante eficaz nas mulheres não contaminadas, sendo indicada a vacinação na adolescência e pré-adolescência para maior taxa de imunização.

M&S – Quais os tipos de câncer e os exames que devem ser realizados?
COHP -
Os principais cânceres femininos no Rio Grande do Sul são o câncer de mama com quase cinco mil novos casos por ano e mil mortes anuais e o câncer de colo uterino com cerca de 1.300 novos casos e 900 mortes por ano. Os exames recomendados são, principalmente, o ginecológico com o papanicolau, que deve incluir o exame clínico (palpação) das mamas, uma vez por ano. Outro câncer importante no Estado é o câncer do intestino grosso, do cólon. A recomendação é uma colonoscopia (endoscopia do intestino grosso) aos 50 anos de idade. Se o exame for absolutamente normal, poderá ser repetido a cada 10 anos. Outra forma menos eficaz, mas também de menor custo, é a pesquisa de sangue oculto nas fezes uma vez por ano. Caso este exame seja positivo, então o ideal é fazer a colonoscopia.

M&S - Mamografia deve ser realizada anualmente? A partir de qual idade?
COHP -
A partir dos 40 anos de idade, se não houver fatores de risco adicionais, deve-se iniciar a mamografia, uma vez por ano. Em mulheres entre 40 a 50 anos de idade é seguro complementar a mamografia com o ultrassom das mamas, pois nesta faixa etária a mamografia é menos sensível na detecção de nódulos

M&S - Qual a importância do diagnóstico precoce?
COHP -
Sabemos que o diagnóstico precoce é sinônimo de sucesso terapêutico, ou seja, chance de cura. Podemos afirmar que todo câncer pode ser curado, desde que tratado em tempo e de forma adequada. Quando falamos nos exames para diagnóstico precoce ou prevenção secundária, estamos falando de exames em pessoas saudáveis, assintomáticas, onde buscamos as lesões que ainda não repercutem no organismo e têm grande chance de cura. Mas também sabemos que hábitos de vida estão intimamente relacionados ao risco de desenvolvermos o câncer. A Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde estimam que mais de 30% dos cânceres seriam evitados com medidas simples, mas difíceis de implementar. Dieta saudável, com frutas e verduras cruas, pobre em carne vermelha e pobre em gordura animal; atividade física regular com uma hora de atividade vigorosa três vezes por semana ou 30 minutos diários; não fumar e manter o peso ideal são pontos básicos. Isto deve ser estimulado em toda a população. O sedentarismo, o sobrepeso e obesidade e dieta incorreta são importantes fatores de risco para o câncer, assim como o tabaco.

M&S - Que tipos de câncer podem ser mais facilmente detectados se as consultas ao ginecologista forem regulares?
COHP -
Falamos do câncer do colo uterino e do câncer de mama. Mas não são apenas estes que o exame ginecológico pode identificar mais precocemente. O câncer do endométrio, a mucosa que recobre internamente o útero, também pode ser diagnosticado no exame ginecológico rotineiro. Este câncer é mais frequente nas mulheres com mais de 50/60 anos de idade e, em geral, é suspeitado por um sangramento tipo menstruação na mulher já na menopausa. Este é um sinal de alerta. Infelizmente o câncer de ovário é mais difícil de ser identificado, pois não dispomos de exames sensíveis o suficiente para isto. Em geral, quando diagnosticado, o câncer de ovário está em estágio mais avançado. Felizmente esta é uma doença muito menos frequente.

M&S - Quais os sintomas que devem servir de alerta para as mulheres
quando o assunto é câncer?
COHP -
Além do sangramento vaginal na mulher menopausada, nódulos na mama podem ser notados na palpação, mesmo quando a mamografia ou ultrassom das mamas é normal. A grande maioria destas situações é nódulo benigno, mas sempre devem ser avaliados pelo médico. Voltando ao câncer do colo uterino, é importante frisar que mesmo as mulheres que tiraram cirurgicamente o útero devem manter os exames anuais, a menos que seu ginecologista dispense o exame. Isto porque em boa parte das mulheres histerectomizadas (sem o útero) é mantido o colo e retirado apenas a porção intra-abdominal (corpo do útero). O mesmo vale para as mulheres que retiraram também o colo do útero devido ao HPV, lesão pré-maligna ou maligna. Nestas situações o exame ginecológico anual pode identificar lesões da vagina ou da vulva devido ao HPV e que devem ser tratadas por risco de evoluírem para malignas.

Colaboraram
Álvaro Machado, médico oncologista
Lieverson Guerra, médico oncologista
www.cohp.com.br


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