Cientistas descobriram uma forma de detectar se um câncer vai se propagar ou reaparecer com o exame de uma determinada proteína no tumor, revelou um estudo publicado recentemente. A descoberta pode dar indícios mais precisos sobre as chances de sobrevivência do que o atual método de classificação das etapas do câncer, que vai de um a quatro anos, segundo os pesquisadores. Se este exame puder ser desenvolvido para utilização em larga escala, para o que ainda faltam anos, ele ajudará os médicos a decidirem quando tratar agressivamente um tumor para evitar uma metástase, que costuma ser mortal.
"Este biomarcador pode ser útil para muitos tipos de câncer", destacou a principal autora do estudo, Y. Peng Loh, da seção de neurobiologia celular do Instituto Nacional Americano de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (NICHD, na sigla em inglês). "É muito importante saber quando um câncer tem o potencial de se propagar", disse. "Atualmente não há biomarcadores precisos que possam fornecer este tipo de previsões e o prognóstico é determinado de acordo com a etapa em que se encontra o câncer", afirmou. Esta nova variante da proteína carboxipeptidase E (CPE), que no geral está envolvida no processo de hormônios como a insulina, foi descoberta por cientistas dos Institutos de Saúde americanos e da Universidade de Hong Kong. A proteína, CPE-delta N, está presente em altos níveis em células tumorais metastásicas de vários tipos de câncer, entre eles os de fígado, mama e cólon, o suprarrenal e o de pescoço e cabeça.
O estudo, com oito anos de duração, se concentrou em 99 pacientes com câncer de fígado em etapas de um a quatro, os quais tiveram examinadas as células tumorais e o tecido circundante para detectar os níveis de CPE delta-N através da medição de ácido ribonucleico, que ajuda o corpo a produzir a proteína. Quando o nível de CPE delta-N RNA nos tumores foi mais que o dobro daquele nos tecidos circundantes, "o câncer teve grandes possibilidades de reaparecer ou fazer metástase em dois anos", destacou o estudo. "Neste nível ou abaixo deste nível, o câncer teve muito menos possibilidades de reaparecer", indicou. Aplicando este método, os cientistas previram que o câncer faria metástase ou reapareceria em mais de 90% dos casos, e acertaram 76% das vezes que previram que o tumor não voltaria. Em alguns casos, descobriram que a proteína indicava que o câncer voltaria em pacientes na segunda etapa, que normalmente teriam considerado livres de câncer e não receberiam atenção particular após a extirpação do tumor.