Desde 2002 já passaram pelo Método Canguru do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) em torno de 500 bebês prematuros. O programa de humanização foi criado pelo Ministério da Saúde em 1999 com o objetivo de diminuir o tempo de internação do bebê e para que ele possa ter um maior contato com os pais durante a internação. O Centro de Tratamento Intensivo Pediátrico e Neonatal do HSVP conta com uma estrutura específica para o desenvolvimento do método, priorizando comodidade e conforto de mães, pais e recém-nascidos.
A enfermeira do CTI Pediátrico Neonatal, Josevane Conte, informa que em torno de 100 recém-nascidos realizam o método. “O canguru deixa o bebê mais calmo, aumenta a confiança do recém-nascido que se sente protegido e obtém-se maior controle da temperatura corporal, resultando em ganho de peso e menos tempo de internação”.
A neonatologista Cristiane Cassanelo informa que “o projeto tem aceitação científica nacional e internacional, proporcionando ao bebê benefícios comprovados. A maioria dos recém-nascidos prematuros do HSVP passa pelo projeto, desde que apresente peso adequado às exigências, que é acima de 1.500 kg”.
Segundo a técnica de Enfermagem, Jane Moreira, que acompanha o projeto desde seu início, antes os bebês permaneciam internados de 100 a 150 dias, agora esse tempo diminuiu pela metade, de 45 até 60 dias de internação. O ganho de peso também aumentou, antes era de 10 a 12 gramas diárias e agora aumentou para 30 a 35 gramas diariamente. “O contato pele a pele com o bebê traz tranquilidade. Pesquisas apontam que no futuro estas crianças terão maior poder de decisão e serão mais determinadas”, ressalta.
Para Joseléia Hermann da Maia, que já está participando do Método Canguru há três meses, o contato com o filho beneficia o bebê e a mãe. “Sinto-me mais segura e tenho um relacionamento mais aberto com a equipe do CTI. Não conhecia o projeto e quando o meu bebê nasceu prematuro e veio para o CTI não imaginei que poderia ter esse contato diário com ele”.
Definição
De acordo com o Ministério da Saúde, o método acontece em três etapas: a primeira, na Unidade Neonatal, inicialmente consiste no contato pele a pele do bebê com sua mãe ou pai, evoluindo até a posição vertical (canguru), em alguns momentos da internação; a segunda etapa, que acontece na Unidade Canguru, consiste em o bebê ficar em maior tempo possível em posição canguru; e a terceira etapa, quando o bebê recebe alta hospitalar, mas a mãe ou o pai continuam colocando-o na posição canguru e fazendo acompanhamento com a equipe de saúde.
Benefícios do Método Canguru
- aumenta o vínculo mãe-filho
- melhora o desenvolvimento neurocomportamental e psico-afetivo do recém-nascido de baixo peso/prematuro
- favorece o aleitamento materno
- permite controle térmico adequado
- favorece estimulação sensorial adequada
- contribui para redução do risco de infecção hospitalar
- reduz o estresse e a dor nos bebês
- maior confiança dos pais no manuseio do bebê
- contribui para otimização dos leitos de UTI
Histórico
O Método Canguru nasceu na Colômbia em 1979, no Instituto Materno Infantil de Bogotá, com os médicos Dr Reys Sanabria e Hector Martinez. Inicialmente ele visava reduzir os custos da assistência perinatal, mais tarde é que foram descobertos outros benefícios. No Brasil ele chegou em 1997 no Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). Em 2000, o Ministério da Saúde publicou a Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso.