Tabagismo: a maior causa evitável de mortes por doença no mundo!

Por Rodrigo Ughini Villarroel, Luis Alberto Schlittler e Nicolas Lazaretti

Tabagismo é o hábito de usar o tabaco ou fumo obtido a partir das folhas secas da planta que tem o mesmo nome. O consumo ocorre pela inalação da fumaça do cigarro, charuto, cachimbo e cigarrilha ou quando se masca o fumo. Durante o consumo são introduzidas no organismo cerca de 50 substâncias reconhecidamente cancerígenas. Além disso, o tabagismo passivo, ou seja, a inalação da fumaça de derivados do tabaco por indivíduos não fumantes que convivem com fumantes é a terceira maior causa evitável de morte no planeta.

Câncer de pulmão no Brasil
O câncer de pulmão está relacionado ao tabagismo em pelo menos 90% dos casos. Aproximadamente 16% da população brasileira é tabagista. Os registros nacionais apontam para cerca de 30 mil casos novos de câncer de pulmão a cada ano, mas acredita-se que estes dados estejam subestimados e que a incidência real possa ser até 4 vezes maior. Além disso, estima-se que a cada 5 minutos um brasileiro morre por alguma doença relacionada ao cigarro.

Existe uma maneira segura de fumar cigarros?
Não. Todos os cigarros são prejudiciais ao corpo humano. Qualquer tipo de tabaco é perigoso. Algumas pessoas acreditam fumando menos podem ter um menor risco, mas pesquisas mostram que mesmo o hábito de fumar 1-4 cigarros por dia pode levar a problemas graves de saúde, incluindo um aumento do risco de doença cardíaca e maior chance de morrer numa idade mais jovem. Outra idéia errada é acreditar que a mudança para cigarros com baixo teor de alcatrão e nicotina é mais seguro, mas isso não é verdade. A partir dessa mudança, muitas vezes as pessoas fumam mais cigarros ou mais de cada cigarro para obter a mesma dose de nicotina.

O tabagismo é responsável por:
* 25% das mortes causadas por doença coronariana - angina e infarto do miocárdio;
* 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa etária abaixo dos 60 anos;
* 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;
* 85% das mortes causadas por bronquite e enfisema;
* 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
* 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero);
* 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral).

O tabagismo ainda pode causar:
* impotência sexual no homem;
* nas mulheres grávidas ocorre maior chance de abortamento e parto pematuro;
* envelhecimento precoce;
* aneurismas arteriais, acidente vascular cerebral;
* catarata ;
* úlcera do aparelho digestivo;
* infecções respiratórias;
* trombose vascular;
* osteoporose

Importante
Não interessa a sua idade ou o quanto você fumou, abandonar o tabagismo vai ajudá-lo a viver mais tempo. Estima-se que o cigarro cause uma morte prematura em 50% dos fumantes.

* Pessoas que param antes dos 35 anos evitam 90% dos riscos à saúde atribuíveis ao tabaco;
* Pessoas que param de fumar antes dos 50 anos diminuem pela metade o risco de morrer nos próximos 15 anos em comparação com os fumantes;
* Fumar não custa pouco. Você já pensou nisso? Multiplique o valor que você gasta por dia por 365 (dias por ano). Agora multiplique pelo número de anos que você fuma. A quantia certamente vai surpreender você! Imagine o que você poderia fazer com a o dinheiro economizado nos próximos 10 anos se parar de fumar hoje?

Pontos úteis para parar de fumar
•  A maioria das pessoas que conseguiu deixar de fumar não conseguiu na primeira tentativa. Se você voltou a fumar não veja isso como uma derrota definitiva e tente de novo!
•  Para ter mais sucesso na tentativa, procure ler o que estiver ao seu alcance sobre tabagismo e saúde e procure orientação médica.
•  Não tente parar progressivamente. Pare de uma só vez.
•  Marque um dia que lhe seja conveniente. Avise sua esposa, familiares, seus amigos, companheiros de trabalho que a partir daquele dia você não mais fumará. Isto cria um ambiente solidário que lhe vai ser útil.
• O auxílio psicológico e/ou médico (com uso de medicações) pode triplicar suas chances de sucesso

Rodrigo Ughini Villarroel, Luis Alberto Schlittler e Nicolas Lazaretti são oncologistas do Cito (Centro Integrado de Terapia Onco-Hematológica)