Fisioterapia dermatofuncional: estética como saúde

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Quando o assunto é estética corporal, uma das primeiras coisas que vêm à cabeça são os tratamentos cosméticos, especialmente os utilizados para diminuir a celulite ou aliviar as marcas das estrias. E a área da saúde destinada a este tipo de tratamento tem sido a fisioterapia dermatofuncional além, claro, da dermatologia. Mas esta área abrange temas bem mais amplos, que perpassam o uso somente na estética corporal para estas questões, podendo, e sendo, utilizados no tratamento de queimaduras e até mesmo em processos pós-operatórios. Para saber como funciona e as áreas em que atua a fisioterapia dermatofuncional, o Medicina & Saúde conversou com a especialista na área Ivone Isabel Moser, que recentemente este em Passo Fundo ministrando aulas no curso de pós-gradução do Isepe. Confira.

Medicina & Saúde – Fisioterapia dermatofuncional lembra eletroterapia. Esta é realmente a base dos tratamentos?
Ivone Moser
- Existe o vínculo entre a fisioterapia dermatofuncional e a eletroterapia, mas a fisioterapia dermatofuncional não se faz e não se constrói só com a eletroterapia, ela se faz por recursos e técnicas manuais, recursos da cosmetologia, técnicas manuais da cirurgia plástica. É bem mais abrangente. Não podemos depender da alta tecnologia, até porque existem aparelhos hoje que custam muito caro e encareceriam a montagem de um consultório.

M&S – Quais as principais aplicações da dermatofuncional?
IM –
A fisioterapia dermatofuncional prevê todos os tipos de tratamento da pele. Então vai desde uma reabilitação de um amputado em termos da qualidade da pele, desde do ponto cirúrgico, para que esta pele esteja íntegra e possa receber a prótese, até a reabilitação de um corte cirúrgico de uma cirurgia de obesidade, por exemplo, para que essa pele possa, depois de um ano, fazer a cirurgia plástica. Também inclui o pós-operatório das cirurgias plásticas, não só estéticas, mas reparadoras, mas também o queimado na sua reabilitação.

M&S – Existe ainda preconceito com esta área de atuação?
IM –
Às vezes as pessoas acham que fisioterapia dermatofuncional é só para tratar celulite e estrias, mas para dar um exemplo, estou coordenando uma pesquisa brasileira, que está sendo feita no país inteiro, com alunos meus da pós-graduação, em pacientes portadores da psoríase e essa pesquisa é totalmente voltada a recursos manuais. O tratamento é totalmente realizado por produtos cosméticos, nada de terapia medicamentosa. O projeto está sendo acompanhado pela Anvisa. É um projeto sério, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos e ganhou um prêmio nacional de melhor projeto de pesquisa científica em nível de pós-graduação. Veja, é um projeto que ganhou prêmio e está dentro da dermatofuncional e é sobre uma patologia dérmica, mostrando que não tem nada a ver somente com celulite e estria.

M&S – Sobre este tema, psoríase, o que há de novidade?
IM –
Existem muitos recursos para tratamento da psoríase, mas todos eles são medicamentosos, porém a própria literatura que existe, publicada, diz que a maioria dos recursos são ineficazes, não ineficientes. São ineficazes e muitos têm efeitos colaterais graves e o que temos percebido dos pacientes que temos atendido é que a maioria não está contente com este tipo de tratamento. A psoríase é um dogma para a medicina, que ainda não conseguiu compreender muito bem como ela se instala e por que, nem o quadro de piora ou de melhora, só se sabe que é uma doença autoimune, totalmente de cunho emocional e que se desenvolve na infância e início da adolescência e é de difícil tratamento. É uma doença que realmente é uma incógnita e que muito tem se pesquisado a respeito na área da medicina, mas muito pouco nas áreas afins, nas áreas multidisciplinares da medicina.

M&S – A dermatofuncional é ainda uma área muito nova?
IM –
Realmente. A primeira turma de pós-graduação, que eu diria que foi quando a fisioterapia dermatofuncional deixou de se tornar “achismo”, especulação e tornou-se científica, uma especialidade reconhecida pelo MEC, foi em 2001. Sou da primeira turma, então ela é realmente muito nova. Foi regulamentada, em nível de associação brasileira, em 2006, então só tem cinco anos.

Colaborou
Ivone Isabel Moser, fisioterapeuta especialista em dermatofuncional

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