Desde pequenas, as crianças são incentivadas a ingerir alimentos que contenham ferro como espinafre e feijão. Mas esse mineral tão essencial para a saúde pode ser prejudicial de estiver em excesso no organismo. Este problema é chamado de hemocromatose e é uma doença, na maioria das vezes, de caráter hereditário e que se apresenta a partir da meia idade.
“Os glóbulos vermelhos contêm a hemoglobina. Estes são os responsáveis pela difusão (transporte) de oxigênio para as células, bem como promovem a retirada do dióxido de carbono. Assim, dá-se o processo de liberação e produção de energia do corpo, que necessita do mineral denominado ferro para funcionar a contento. Todavia, isto não nos permite imaginar que quanto mais ferro tivermos no organismo mais energia teremos. Aqui, a lógica é diferente. Uma pessoa adulta com características saudáveis tem de 40 a 300mg de ferro no seu sangue. Este é o índice e o nível recomendado. Acima disso começam a surgir problemas”, explica a nutricionista Ana Maria Bueno.
De acordo com ela, existem pessoas que acumulam o mineral em porções superiores à necessária que “devem buscar, imediatamente, assistência médica especializada. O exame laboratorial para se verificar a dosagem de ferro no sangue é conhecido como ferritina. Já o excesso de ferro no sangue é chamado de hemocromatose. Geralmente ocorre uma alteração genética que induz o organismo a absorver o mineral em quantidades superiores ou ainda a não proceder sua eliminação compatível”, ressalta.
O excesso de ferro no sangue causa “ferrugem nos órgãos, com conseguências diferentes e distintas para cada região do organismo. Os efeitos negativos são diversos como, por exemplo: no fígado poderá determinar cirrose; no pâncreas diabetes; no coração, insuficiência cardíaca; nas glândulas, funcionamento defeituoso com sérios problemas na produção hormonal”, destaca a nutricionista.
O que fazer
Para aqueles que são portadores dessa doença recomenda-se diversos cuidados alimentares, “além da sangria terapêutica, que nada mais é do que extrair sangue do organismo e descartá-lo. Estas retiradas são periódicas e sempre sob orientação do médico e nutricionista. A carne vermelha é a principal fonte de ferro. Indica-se a diminuição do consumo de carne bovina, vísceras, ovo, vegetais folhosos verde-escuro (espinafre, rúcula, agrião) e leguminosas (feijão, lentilha e soja), bem como mariscos, mexilhões ostras, moluscos, carne de caranguejo, cereais, melado, açúcar amarelo, frutas secas”, ensina Ana Maria.
De acordo com ela, os pacientes com hemocromatose não devem comer os vegetais citados junto com as carnes referidas, “pois, quando acumulados, a absorção de ferro se torna maior. É importante mencionar que os portadores desta doença não devem ingerir vitamina C junto com os alimentos ricos em ferro”, enfatiza.
De outro lado, é essencial a ingestão diária de leite e/ou chás após as refeições, pois estes alimentos auxiliam na neutralização da absorção do ferro no organismo.
Colaborou
Ana Maria Bueno, nutricionista – personal nutri, formada em Nutrição e Economia Doméstica, com especialização em Obesidade e Emagrecimento e Serviços de Alimentação e Hotelaria
www.nutrianamaria.com.br