A incidência do câncer de mama no Brasil e as consequências, em grandes partes psicológicas, para as mulheres requerem um olhar atencioso para este tema. Prova disso é que há dois anos as entidades ligadas à prevenção e combate têm se unido para a realização de diversas ações para lembrar a data. O principal objetivo é promover a informação sobre o assunto e estimular a realização de exames que possam detectar precocemente esta doença e, portanto, aumentar as chances de cura.
Conforme Janaína Osório, médica radiologista da Kozma Diagnóstico por Imagem, as atividades realizadas no mês de outubro são muito importantes. “Considerando a elevada incidência deste tipo de câncer entre as mulheres brasileiras, especialmente entre a população gaúcha, o Outubro Rosa é uma ocasião muito oportuna para promover a saúde da mama”, destaca. De acordo com ela, é importante salientar a ocorrência crescente documentada de cânceres entre mulheres jovens e dos cânceres de intervalo que “correspondem a lesões não percebidas clinicamente e detectadas unicamente pelos métodos de imagem (mamografia e ultrassom), que surgem antes de transcorrido o tempo mínimo entre os exames periódicos e com características agressivas”, salienta.
É por isso que o monitoramento de lesões com aspecto benigno também é importante “na medida em que estudos recentes na área da patologia mamária têm demonstrado um número significativo de cânceres neste grupo de mulheres incluídas na categoria 3 do BI-RADS (lesões provavelmente benignas)”, avalia.
A saúde das mamas passa obrigatoriamente pela realização da mamografia que, quando associada à ecografia/ultrassom das mamas possui elevada sensibilidade para detectar lesões. “A associação entre estes métodos permite o diagnóstico de um número expressivo de lesões não-palpáveis, em estágios iniciais e quando ainda podem ser tratadas por cirurgias conservadoras com preservação da mama, menor morbidade e melhor prognóstico a longo prazo”, explica.
Mundo digital
A tecnologia digital aliada à mamografia contribui para a melhor caracterização de sinais de câncer inicial, “especialmente as microcalcificações, permitindo orientar a marcação pré-operatória e orientar biopsias. Estas tecnologias, quando associadas à expertise profissional durante a interpretação dos exames são realmente capazes de fazer a diferença e contribuir para diagnosticar precocemente muitos tumores”, ressalta.
De acordo com a médica, a Kozma é a única clínica do interior do estado que possui mamografia com aquisição digital. Essa tecnologia proporciona melhor qualidade e precisão nos diagnósticos, diferente da mamografia analógica com conversão digital que ocasiona perda nos detalhes dos exames.
“No âmbito da saúde pública, apesar das dificuldades tão conhecidas por todos, mutirões têm sido realizados em centros de referência nacionais como parte desta movimentação coletiva e internacional para a realização de mamografias entre as diversas esferas sociais”, enfatiza. Um exemplo disso são os programas de rastreamento de países como Canadá e Reino Unido, “este último capaz de rastrear 100% da população, considerado o melhor programa do mundo”, completa.
Ressonância magnética
Outra tecnologia que tem sido utilizada em favor do diagnóstico é a ressonância magnética. “O emprego da ressonância magnética mamária na avaliação de pacientes de alto risco para desenvolver câncer de mama já e uma realidade, ainda que em menor escala, com sensibilidade superior a da mamografia e capaz de demonstrar lesões não visíveis na mamografia e no ultrassom”, destaca.
Para a médica, mais do que um estímulo à realização da mamografia, o Outubro Rosa representa “uma ação global, coletiva, sinalizada pela feminilidade da cor rosa, que aproxima as mulheres de todo mundo no sentimento comum de preservação da saúde da mama e da vida. Espera-se que estas iniciativas sejam propagadas ao longo de todo ano, afinal, educação e informação também podem salvar a vida de muitas mulheres”, projeta.
Segundo o Inca
Segundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes.
(Fonte: Instituto Nacional do Câncer)
Colaborou
Janaína Osório, médica radiologista, especialista pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e especialista em Radiologia Mamária