Casamento, Amor e Sexo - parte 1

Por
· 1 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

De 24 a 26 de outubro foi realizada a semana Acadêmica da Psicologia na UPF. O artigo que segue é um recorte inspirado no trabalho apresentado: “Casamento - Amor -Sexo”.

Casamento, amor e sexo são experiências que a maioria de nós considera fundamentais em nossas vivências. No entanto, pouco nos damos conta de quanto somos determinados por dois fatores: o primeiro, é que somos fruto dos avatares do édipo, ou seja, queríamos ser tudo para nossas mães (ou de quem fez esta função), e queríamos que ela fosse exclusiva para nós. Não lembramos disso, mas depois de um certo percurso transcorrido, de acordo com a singularidade histórica de cada um, se tudo deu certo, entendemos que não podemos ser e ter tudo na vida!  Eis que nos tornamos sujeitos capazes de ir atrás de nossas escolhas.

Mas não é somente os avatares do édipo que nos determinam. Um outro fator tem preponderância: são as formações sociais nas quais estão inseridos os ideais sociais de um tempo. Por exemplo, até os anos 50 mais ou menos, o ideal de “ser virgem” para uma moça era absoluto e ninguém questionava. Parecia normal que fosse assim. Quem saia da “norma” é porque “tinha problemas”. Hoje se dá exatamente o contrário. Se uma moça é virgem, seus pares começam a questionar a cerca da  sua “normalidade". Isso por si só bastaria para que se questionasse seriamente os modelos de saúde e doença tão preconizados por alguns manuais. Porém isto fica para uma outra hora. Mas queria ressaltar que casamos, amamos e até onde nos permitimos ir com nossa sexualidade tem tudo a ver com os ditos ideais sociais, que nos são transmitidos através das narrativas de nosso tempo - orais, escritas e audiovisuais. Essas narrativas são veiculadas através da literatura (livros, jornais e revistas), televisão (novelas, séries, reportagens), propagandas e cinema. Nós nos identificamos com idéias, comportamentos e valores transmitidos por estes veículos, de forma que estes ideais se solidificam nos nossos ossos, e assim os transformamos em “nossos”.

No entanto, o sociólogo Richard Sennet nos alerta: carregamos traços dos ideais e valores tanto da cultura precedente como da emergente. Assim, como diriam alguns psicanalistas, nossos sintomas psíquicos atuais também são autores deste jogo de forças, que demandam ser interpretados quando entram em conflito. Logo, temos que estar alertas, por exemplo, em discursarmos sobre o ideal liberal da mulher de hoje, que transa com quem quer na hora que quer, mas que secretamente sonha com o casamento de véu e grinalda nos moldes dos anos 50...

 

(Na próxima semana continuaremos com Casamento, Amor e Sexo)

Gostou? Compartilhe