Casamento, Amor e Sexo - Parte 3

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Na coluna da semana passada, falamos que a tríade amor-sexo-casamento sofreu variações ao longo do tempo e, a cada vez, demandou comportamentos diferentes dos pares amorosos. Atualmente existe um pessimismo no ar quanto ao destino que irão tomar principalmente a conjugalidade e o amor. Não saberia responder isto posto que não sou vidente, mas não acho difícil elencar alguns pontos por onde facilmente qualquer relação pode falir. Estes pontos serão desdobrados em 2 ou mais colunas aos sábados. 
Ponto 1: Acreditar que o objeto do amor pode ser o mesmo objeto do sexo e... ao mesmo tempo.
O objeto do amor é necessariamente diferente do objeto do sexo, porque o objeto do amor é da ordem da imagem total do semelhante. Achamos aquela imagem do amado dotado de perfeições e destrezas que admiramos. Por outro lado, esta imagem tão idealizada, e aqui está o segredo, não me olha com indiferença. Me olha com o olhar que eu quero ser olhada. Em outras palavras, ele me devolve, no seu olhar, a imagem de como eu quero ser vista para me sentir amada. A matriz disso, ou seja , onde tudo começou,  é no olhar da mãe para seu bebê - que diz... “você é o tesouro de mamãe”- e a excelência que o bebê vê na mãe: um objeto capaz de realizar coisas que ele não consegue.
É muito interessante este ponto de vista no tocante ao amor, porque embora deixamos há muito de ser bebês, temos a mesma relação deste olhar que sustenta a imagem que eu gosto de mim mesma(o).
Tanto é assim que quando os casais se separam, uma das queixas comuns que aparece no consultório diz justamente deste olhar que é perdido e costuma aparecer em falas assim: “Eu não o(a) reconheço mais sem aquele olhar, porque este olhar de agora, não é o jeito de olhar para mim que ele(ela)tinha. E não é neste olhar que eu quero me reconhecer. Quero me reconhecer naquele outro olhar , aquele que ele(ela) tinha quando me amava , que mostrava o encanto que tinha por mim (que nada mais é que a imagem que queremos ter de nós mesmos).
Já o objeto do sexo, é sempre parcial. Pode ser objeto da pulsão oral, anal, fálica, escópica e invocante, deslocado e tramado nas suas 1001 maneiras de aparecer. Porém ele é sempre um recorte do corpo do outro. Não se refere jamais à imagem da pessoa como um todo. É objetinho que excita e anima a fantasia sexual. Na verdade, o corpo do amado na hora do sexo se transforma apenas no veículo para “as minhas fantasias sexuais”. Por exemplo: dizem que os americanos preferem os seios das mulheres enquanto os brasileiros preferem a bunda. Já no filme “O Piano”, o disparador do desejo é o furo na meia calça de uma mulher... 
Concluindo: a totalidade da pessoa do amor que eu admiro (João ou Maria) pode ser a mesma que eu veiculo minhas fantasias sexuais (a boca de Maria), mas não é ao mesmo tempo que isto acontece. O recorte sexual é necessariamente mais profanador e profanado, menos a ver com a idealização do amor e mais com a “bandidagem” mesmo. E como podemos ver, também não é difícil que isso apareça, principalmente o sexual, dissociado da pessoa do amor. Então temos uma opção a fazer: renunciar ou não renunciar ir avante.

Por Rossana Braghini

 

Na coluna da semana passada, falamos que a tríade amor-sexo-casamento sofreu variações ao longo do tempo e, a cada vez, demandou comportamentos diferentes dos pares amorosos. Atualmente existe um pessimismo no ar quanto ao destino que irão tomar principalmente a conjugalidade e o amor. Não saberia responder isto posto que não sou vidente, mas não acho difícil elencar alguns pontos por onde facilmente qualquer relação pode falir. Estes pontos serão desdobrados em 2 ou mais colunas aos sábados. Ponto 1: Acreditar que o objeto do amor pode ser o mesmo objeto do sexo e... ao mesmo tempo.O objeto do amor é necessariamente diferente do objeto do sexo, porque o objeto do amor é da ordem da imagem total do semelhante. Achamos aquela imagem do amado dotado de perfeições e destrezas que admiramos. Por outro lado, esta imagem tão idealizada, e aqui está o segredo, não me olha com indiferença. Me olha com o olhar que eu quero ser olhada. Em outras palavras, ele me devolve, no seu olhar, a imagem de como eu quero ser vista para me sentir amada. A matriz disso, ou seja , onde tudo começou,  é no olhar da mãe para seu bebê - que diz... “você é o tesouro de mamãe”- e a excelência que o bebê vê na mãe: um objeto capaz de realizar coisas que ele não consegue.É muito interessante este ponto de vista no tocante ao amor, porque embora deixamos há muito de ser bebês, temos a mesma relação deste olhar que sustenta a imagem que eu gosto de mim mesma(o).Tanto é assim que quando os casais se separam, uma das queixas comuns que aparece no consultório diz justamente deste olhar que é perdido e costuma aparecer em falas assim: “Eu não o(a) reconheço mais sem aquele olhar, porque este olhar de agora, não é o jeito de olhar para mim que ele(ela)tinha. E não é neste olhar que eu quero me reconhecer. Quero me reconhecer naquele outro olhar , aquele que ele(ela) tinha quando me amava , que mostrava o encanto que tinha por mim (que nada mais é que a imagem que queremos ter de nós mesmos).Já o objeto do sexo, é sempre parcial. Pode ser objeto da pulsão oral, anal, fálica, escópica e invocante, deslocado e tramado nas suas 1001 maneiras de aparecer. Porém ele é sempre um recorte do corpo do outro. Não se refere jamais à imagem da pessoa como um todo. É objetinho que excita e anima a fantasia sexual. Na verdade, o corpo do amado na hora do sexo se transforma apenas no veículo para “as minhas fantasias sexuais”. Por exemplo: dizem que os americanos preferem os seios das mulheres enquanto os brasileiros preferem a bunda. Já no filme “O Piano”, o disparador do desejo é o furo na meia calça de uma mulher... Concluindo: a totalidade da pessoa do amor que eu admiro (João ou Maria) pode ser a mesma que eu veiculo minhas fantasias sexuais (a boca de Maria), mas não é ao mesmo tempo que isto acontece. O recorte sexual é necessariamente mais profanador e profanado, menos a ver com a idealização do amor e mais com a “bandidagem” mesmo. E como podemos ver, também não é difícil que isso apareça, principalmente o sexual, dissociado da pessoa do amor. Então temos uma opção a fazer: renunciar ou não renunciar ir avante.

 

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