Para alguns, a proximidade do Natal e festa de final de ano são motivo de alegria. A possibilidade de reunião e encontro de todos os familiares traz entusiasmo, assim como a preparação das ceias dessas datas. A própria compra de presentes para os familiares pode ser sinônima de felicidade. Já para outras, é bem o contrário. A proximidade do final do ano, as compras de Natal, a preparação da ceia representam quase um fardo. As tarefas, prazerosas para alguns, são consideradas entediantes. Em situações mais severas, as pessoas se isolam, não querem compartilhar estes momentos e sentem uma tristeza que parece sem fim. Mas tudo isso tem uma resposta e um motivo para acontecer. E foi para saber como esse problema afeta algumas pessoas que o Medicina & Saúde conversou com o psicólogo Luiz Ronaldo Freitas de Oliveira, coordenador da Escola de Psicologia da Imed.
Medicina & Saúde - É comum que as pessoas se sintam tristes com a chegada do final do ano?
Luiz Ronaldo de Oliveira - Com a chegada do fim de ano aumentam as expectativas em torno da recuperação de afetos perdidos e da superação de dificuldades que se arrastaram ao longo do ano. Quando estes objetivos não são atendidos as pessoas ficam tristes e em muitos casos se deprimem.
M&S - Por que isso acontece?
LRO - O fim do ano desperta sentimentos relacionados à nossa história e ao passado, pois nos reportamos ao tempo que esperávamos o Natal e o Ano Novo para receber presentes e confraternizar com as pessoas mais próximas. Geralmente as famílias se reúnem para trocar presentes, emoções e afetos. As pessoas que perderam familiares e amigos e não têm mais este espaço de convivência ficam alimentando, com saudades, o tempo em que foi bom e que, porém já passou e não volta mais, por isso ficam tristes e se deprimem.
M&S - Casos mais severos podem ser considerados depressão e não só tristeza?
LRO - Há diferença entre tristeza e depressão. A tristeza é decorrente de um fato isolado que desagradou ou feriu os sentimentos do sujeito num tempo e espaço específico. A depressão é uma das mais antigas e frequentes doenças que atingem homens e mulheres. De 5% a 10% da população geral já sofreu ou sofre de depressão. E no fim do ano aumentam os casos devido aos eventos externos que estimulam o consumo, a participação em festas e a troca de afetos. A depressão caracteriza-se pela associação do humor deprimido e de uma desaceleração psicomotora, ou seja, incapacidade de realizar tarefas rotineiras. A culpa, o desespero, a visão pessimista e negativa da existência, bem como os sinais somáticos caracterizado pela insônia, modificações para mais ou para menos do apetite e o peso alertam para o quadro clínico que existem em proporções variáveis de um sujeito para outro. Sugere-se atenção especial às ideias de suicídio, pois constitui como fator prognóstico essencial na depressão o risco de suicídio.
M&S - Como ficar longe desses sintomas?
LRO - Para tratar a depressão, quando diagnosticada por um profissional capacitado, tem no mínimo duas possibilidades, que associadas trazem bons resultados: o uso de medicamentos indicado por um médico psiquiatra e conhecedor do assunto, concomitante com psicoterapia. A escuta terapêutica auxilia na retomada das atividades necessárias à superação dos sintomas. Para ficar longe da depressão, podemos nos prevenir, buscando orientação especializada e realizar exercícios físicos, cuidar da alimentação, cultivar amizades e intimidades saudáveis, bem como nutrir o pensamento com objetivos otimistas, possíveis e motivadores.