Pais e Filhos

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Rossana Stella Oliva Braghini - Psicanalista
Talvez se compreenda muito mais as crianças e os adolescentes quando está para ser avô do que quando se é pai. Mas é assim mesmo. Como as crianças precisam aprender a ser filhos - cada um que nasce é um pequeno selvagenzinho que precisa aprender a linguagem e portanto repetem toda a história da humanidade a cada vez - os pais também precisam aprender a ser pais, desde o momento em que se tornam. O que significa que ainda que o referencial do que consiste “educar bem” fosse estável ser pai não seria uma tarefa levada a cabo desprovida de angústia. Mas, nos últimos cinquenta anos, houveram muitas mudanças e num período de tempo menor, se levarmos em conta, outras transformações ocorridas noutros períodos da historia. Ou seja, o tempo de assimilação das mudanças é menor. Como consequência, parece que os pais estão mais atrapalhados em como se situarem neste mundo, ou seja, quais os valores e informações a serem seguidos e quais não, e em decorrência, se sentem confusos em como serem pais e como prepararem seus filhos para estes tempos.
O assunto é complexo e como sempre não traz respostas prontas, mas três elementos podem ser sublinhados...
1) As crianças precisam viver em sua idade. Não podemos esperar que uma criança de três anos “decida” o que nutricionalmente adequado para ela, assim como não podemos impor a um adolescente de 18 anos que coma brócolis. Aliás os extremos de impor ou deixar ao “deus dará”... nunca são uma boa.
 

Por Rossana Stella Oliva Braghini - Psicanalista

Talvez se compreenda muito mais as crianças e os adolescentes quando está para ser avô do que quando se é pai. Mas é assim mesmo. Como as crianças precisam aprender a ser filhos - cada um que nasce é um pequeno selvagenzinho que precisa aprender a linguagem e portanto repetem toda a história da humanidade a cada vez - os pais também precisam aprender a ser pais, desde o momento em que se tornam. O que significa que ainda que o referencial do que consiste “educar bem” fosse estável ser pai não seria uma tarefa levada a cabo desprovida de angústia. Mas, nos últimos cinquenta anos, houveram muitas mudanças e num período de tempo menor, se levarmos em conta, outras transformações ocorridas noutros períodos da historia. Ou seja, o tempo de assimilação das mudanças é menor. Como consequência, parece que os pais estão mais atrapalhados em como se situarem neste mundo, ou seja, quais os valores e informações a serem seguidos e quais não, e em decorrência, se sentem confusos em como serem pais e como prepararem seus filhos para estes tempos.O assunto é complexo e como sempre não traz respostas prontas, mas três elementos podem ser sublinhados...

1) As crianças precisam viver em sua idade. Não podemos esperar que uma criança de três anos “decida” o que nutricionalmente adequado para ela, assim como não podemos impor a um adolescente de 18 anos que coma brócolis. Aliás os extremos de impor ou deixar ao “deus dará”... nunca são uma boa. 

2) Os pais tem um saber em si, consigo de como educar seus filhos. E um sem número de vezes negligenciam este saber em detrimento da proliferação de informações que lhes chegam, muitas vezes contraditórias, que tem como efeito mais a confusão angustiada nos pais e crianças do que o esclarecimento. Um bom fiel da balança é usar mais este “saber” para poder escolher o que podemos validar e o que não.

 3) Os pais tem inúmeras e complexas razões para estarem perdidos, confusos e angustiados, inclusive a sua própria história com seus pais. E,de alguma forma quando os filhos fazem sintomas psíquicos ou mesmo alguns físicos, eles (os pais) estão envolvidos. Os sintomas das crianças e adolescentes- que não são os inerentes de sua própria estruturação psíquica- são um efeito de aspectos dos pais e de sua própria conflitiva de forma mais crônica. Tenho insistido em na responsabilidade diferente da culpa. Acho que nem um pai deva se sentir culpado, mas sim responsável por si e se for o caso pelo seu sintoma.

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