Cientistas descobriram como uma molécula encontrada primeiramente em bactérias bloqueia uma proteína que colabora para o crescimento e o desenvolvimento do câncer de mama, revela pesquisa publicada na revista Nature Chemistry.
A pesquisa, realizada pela Universidade de Cambridge e financiada pelo Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC), revelou em nível molecular a forma como a tiostreptona – uma molécula natural que protege contra o câncer – fixa-se a uma proteína, chamada FOXM1, impedindo o seu trabalho e protegendo contra o câncer de mama.
A FOXM1 está presente em maior quantidade nas células do câncer de mama. Ela se une a segmentos específicos do DNA que regulam o crescimento e a divisão das células. Ela também causa a disseminação tumoral por desencadear o crescimento de vasos sanguíneos que abastecem de nutrientes os tumores, facilitando o seu crescimento. Bloqueando esta proteína, a tiostreptona pode prevenir o desenvolvimento do câncer em fase precoce, bem como o crescimento do tumor e a sua propagação.
O desenvolvimento de medicamentos para impedir a ação de proteínas como a FOXM1 é um enorme desafio para os cientistas. No entanto, acredita-se que esta nova informação permitirá aos pesquisadores projetarem pequenas moléculas que imitem a tiostreptona - mas que sejam ainda mais eficazes no bloqueio do crescimento de tumores.
O autor do estudo, o professor Shankar Balasubramanian do Cancer Research UK’s Cambridge Research Institute e do Departmento de Química da Universidade de Cambridge, disse: "Antes desta pesquisa, não tínhamos conhecimento de qualquer produto natural que pudesse atingir diretamente uma proteína que controla uma atividade genética. No entanto, curiosamente uma molécula encontrada em bactérias - que também tem fortes efeitos antibióticos - faz isso muito bem, ela desliga genes causadores de câncer em células de câncer de mama. Esta molécula de ocorrência natural não tem todas as propriedades adequadas para serem usadas como um tratamento para o câncer de mama em si. Mas esta descoberta abre caminho para a concepção de fármacos mais potentes e seletivos com base na estrutura da tiostreptona para bloquear a proteína FOXM1".