O segredo do metabolismo rápido

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Por Márcia Cristina Paiva

 

Não é mais novidade que carboidratos nos fazem criar barriga e proteínas nos fazem aumentar músculos. No entanto, uma pesquisa recente do Periódico da Associação Médica Americana (JAMA), revelou que quando consumimos uma dieta pobre em proteínas, armazenamos gordura ruim ao redor dos nossos órgãos, incluindo fígado, rins e pâncreas. Mas se consumimos uma dieta proteica aumentamos massa muscular e aumentamos nosso metabolismo basal. Como o músculo gasta sete vezes mais calorias do que a gordura, isto é excelente.

No trabalho os pesquisadores estudam 25 voluntários saudáveis, internados propositalmente num hospital por 12 semanas. Eles controlaram tudo que os participantes comeram. Mas forçaram uma dieta de 1.000 kcal a mais por dia, a única diferença era o tipo de calorias – vindas de carboidratos ou proteínas.

O grupo com ingestão pequena de proteínas (5%) perdeu 0,7 Kg de músculo e ganhou 3,4 Kg de gordura. O grupo com alta ingestão de proteína (25%) ganhou 2,8 Kg de músculo metabolicamente ativo. Todos os grupos ganharam gordura, pois comeram uma quantidade a mais de alimentos, mas, no entanto o grupo que ingeriu mais proteína ganhou menos gordura do que os demais, além de aumentar o gasto energético no repouso.

Seria este o segredo de um metabolismo mais rápido? Muito provável que este seja um dos pontos a ser considerado no nosso dia a dia para a manutenção de nossa saúde e de uma estética adequada. No entanto é improvável que apenas uma mudança implique em resultados absolutos no que se refere à perda de peso e aumento da massa magra.

No entanto isto nos faz refletir sobre pontos importantes na nossa alimentação que às vezes ficam esquecidos:

* as calorias não são todas iguais. Devemos dar mais valor à qualidade do alimento do que à quantidade de calorias. Um copo de refrigerante diet NÃO é melhor do que um copo de suco de frutas só porque tem menos calorias. Devemos dar mais importância à fonte, à quantidade de aditivos químicos, ao percentual de gordura saturada e trans, à quantidade de farinhas refinadas e à quantidade de açúcar adicionado aos alimentos que ingerimos. Isto sim tem importância e isto sim tem influência no equilíbrio das funções vitais do nosso corpo e na manutenção da nossa saúde e, consequentemente, do peso. Um organismo doente e desnutrido dificilmente vai estar no peso adequado.

 

Por outro lado, lembre-se de que:

* carboidratos não são sempre ruins. Necessitamos dele para energia. A questão é optar por boas fontes (cereais ricos em fibras, frutas, leguminosas, legumes, etc);

* proteínas também têm um limite de ingestão. Não devemos monopolizar nossa alimentação com proteínas. O ideal é procurar um profissional que saiba nos orientar sobre a quantidade ideal deste nutriente para cada um de nós, de acordo com nossas necessidades individuais, gasto e situação clínica atual;

* aumentar a quantidade de proteína não significa comer mais carne, somente. Devemos lembrar que a carne vermelha em excesso está envolvida na origem de algumas doenças graves. Consumindo-a três vezes por semana, podemos dar oportunidade para o peixe e os ovos. Existem também opções de cereais ricos em proteinas como a quinoa, que pode suprir uma boa porcentagem da necessidade proteica diária, sem sobrecarregar na carne.

* devemos sempre consumir suplementos proteicos esportivos sob orientação de um nutricionista. A quantidade, o tipo e o horário de ingestão da proteína podem fazer toda a diferença no resultado final no ganho de massa magra e na manutenção da integridade hepática e renal do desportista.

Muito ainda se deve trabalhar para alcançar o entendimento correto sobre nutrientes, alimentação e manutenção da saúde. No entanto pesquisas como estas nos mostram um caminho que deve ser observado por governantes, educadores e meios de comunicação para que, com o tempo a população em geral alcance o entendimento que a ciência já alcançou.

 

 

Márcia Cristina Paiva é nutricionista clínica

 

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