Rossana Stella Oliva Braghini- Psicanalista
Neste final de semana fui assistir a Jornada de Abertura da Associação Psicanalítica de Porto Alegre - APPOA. Esse encontro chama-se assim porque, como seu título já deixa antever, sublinha o percurso adotado pela instituição para os estudos do ano. O Amor e a Erótica foi o tema escolhido. Muito resumidamente, para a psicanálise, a erótica é uma espécie de cartografia (gramática), marcada no corpo de cada sujeito a partir de seu nascimento. Estas rotas mapeadas singularmente permitem o exercício do desejo no adulto. Portam sempre satisfações parciais e não cansam de lembrar que o regozijo absoluto nunca acontece; e não por incompetência, mas sim por uma impossibilidade da estrutura. Já o amor e o que dele se espera em nossa cultura, é nada menos que tudo, ou seja, a sonhada completude com o outro. Como lembrou uma colega, desafia até as leis da matemática, já que tenta fazer com que 1 + 1 seja = a “um só”. O famoso “somos um” dos românticos mais enfáticos. Do amor e da erótica, muito já sabemos, mas muito nos falta ainda desbravar, já que, para além do feminino e masculino, temos ainda outros impasses específicos de nossa época.
Rossana Stella Oliva Braghini- Psicanalista
Neste final de semana fui assistir a Jornada de Abertura da Associação Psicanalítica de Porto Alegre - APPOA. Esse encontro chama-se assim porque, como seu título já deixa antever, sublinha o percurso adotado pela instituição para os estudos do ano. O Amor e a Erótica foi o tema escolhido. Muito resumidamente, para a psicanálise, a erótica é uma espécie de cartografia (gramática), marcada no corpo de cada sujeito a partir de seu nascimento. Estas rotas mapeadas singularmente permitem o exercício do desejo no adulto. Portam sempre satisfações parciais e não cansam de lembrar que o regozijo absoluto nunca acontece; e não por incompetência, mas sim por uma impossibilidade da estrutura. Já o amor e o que dele se espera em nossa cultura, é nada menos que tudo, ou seja, a sonhada completude com o outro. Como lembrou uma colega, desafia até as leis da matemática, já que tenta fazer com que 1 + 1 seja = a “um só”. O famoso “somos um” dos românticos mais enfáticos. Do amor e da erótica, muito já sabemos, mas muito nos falta ainda desbravar, já que, para além do feminino e masculino, temos ainda outros impasses específicos de nossa época.
A primeira colocação que me muito me agradou nos primeiros minutos da abertura, foi no sentido de reiterar a posição da psicanálise frente a erótica e o amor. Longe, mas muito longe mesmo de patologizar condutas, se autorizando - sabe-se lá de onde - a dizer o que é certo ou errado, bom ou mal para cada um, a busca desta psicanálise é pelas incidências na vida daquele sujeito em questão. Dito de outra forma, a boa intervenção psicanalítica é sempre única para cada ser, por isso nunca assujeitando a uma norma: “todos devem ser assim”.
Porém, ledo engano pensar que a erótica, o amor (e sentimentos afins) competem somente ao exercício dos casais, sejam eles homo ou heterossexuais. Eles estão presentes em suas diferentes modalidades e especificidades na vida de cada um, nas rotas escolhidas de prazer ou dor, encenadas muitas vezes sem cessar no corpo que goza, que dói e que sente prazer. Estão presentes nas vicissitudes do relacionamento com os pais e aportando a vida de relação com amigos, inimigos, na forma de se colocar no trabalho , etc. Na próxima semana comentarei alguns pontos que considerei interessantes nos trabalhos apresentados.