Um estudo publicado na revista Jama (Journal of the American Medical Association) mostrou que os antibióticos são ineficazes contra a maioria das infecções dos seios nasais, embora sejam prescritos com frequência pelos médicos para tratar esses problemas. Segundo os pesquisadores, quem sofre de sinusite não se sente melhor ou apresenta menos sintomas quando toma antibióticos. O estudo, feito com 166 adultos, foi conduzido pela Universidade de Washington em St. Louis, EUA e publicado na edição de 15 de fevereiro da revista. Nos Estados Unidos um em cada cinco antibióticos com receita é prescrito para tratar a sinusite, informaram os autores da pesquisa, que consideraram o estudo importante em virtude da resistência crescente dos antibióticos como resultado de seu uso excessivo. No lugar de antibióticos, como a amoxicilina, os pesquisadores recomendam tratar a dor da sinusite com analgésicos (aspirina, ibuprofeno) e a congestão nasal com descongestionantes.Para entender o que é esta doença, quais os tratamentos existentes e sua eficácia, o Medicina & Saúde conversou com a otorrinolaringologista Lisete Giacomelli. Confira.
Medicina & Saúde – O que é a sinusite?
Lisete Giacomelli – Sinusite é a inflamação das mucosas dos seios da face, região do crânio formada por cavidades ósseas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos. Os seios da face dão ressonância à voz, aquecem o ar inspirado e diminuem o peso do crânio, o que facilita sua sustentação. São revestidos por uma mucosa semelhante à do nariz, rica em glândulas produtoras de muco e coberta por cílios dotados de movimentos vibráteis que conduzem o material estranho retido no muco para a parte posterior do nariz com a finalidade de eliminá-lo. O fluxo da secreção mucosa dos seios da face é permanente e imperceptível. Alterações anatômicas, que impedem a drenagem da secreção, e processos infecciosos ou alérgicos, que provocam inflamação das mucosas e facilitam a instalação de germes oportunistas, são fatores que predispõem à sinusite.
M&S – Quais os sintomas?
LG – As sinusites podem ser divididas em agudas e crônicas. A sinusite aguda costuma ocorrer dor de cabeça na área do seio da face mais comprometido (seio frontal, maxilar, etmoidal e esfenoidal). A dor pode ser forte, em pontada, pulsátil ou sensação de pressão ou peso na cabeça. Na grande maioria dos casos, surge obstrução nasal com presença de secreção amarela ou esverdeada, sanguinolenta, que dificulta a respiração. Febre, cansaço, coriza, tosse, dores musculares e perda de apetite costumam estar presentes. Na sinusite crônica os sintomas são os mesmos, porém variam muito de intensidade. A dor nos seios da face e a febre podem estar ausentes. A tosse costuma ser o sintoma preponderante. É geralmente noturna e aumenta de intensidade quando a pessoa se deita porque a secreção escorre pela parte posterior das fossas nasais e irrita as vias aéreas disparando o mecanismo de tosse. Acessos de tosse são particularmente frequentes pela manhã, ao levantar, e diminuem de intensidade, chegando mesmo a desaparecer no decorrer do dia.
M&S – Depois de ter sinusite uma vez, a pessoa sempre vai ter o problema?
LG – Por sinusite entende-se a inflamação infecciosa ou não dos seios da face. Caso a sinusite tenha sido causada por bactérias, o uso de antibióticos consegue na maioria das vezes eliminar o processo infeccioso e “curar” o paciente. No entanto, o que ocorre na maioria das vezes, é que alterações extra-seios da face (desvios de septo, por exemplo,) causam problemas na drenagem das secreções produzidas nos seios. Essas secreções represadas se infectam com muita facilidade, tornando os episodio de sinusite muito recorrente. Então, quando o paciente tem uma infecção, faz uso de antibióticos, fica curado e pouco tempo depois tem outra sinusite. Antes de fazer novo tratamento com antibiótico, o mais importante é fazer uma investigação para diagnosticar a causa dos quadros repetitivos de sinusite. Em grande parte das vezes a cirurgia dos seios da face ou simplesmente a cirurgia do septo é capaz de solucionar este problema.
M&S – No inverno o problema se agrava?
LG – Tanto a redução da temperatura como da umidade relativa do ar predispõem a inflamações e infecções das vias aéreas. Isso porque o nosso organismo tem uma temperatura interna de 37ºC, que precisa ser mantida continuamente. Assim, nessas condições atmosféricas, o organismo tem que aumentar o metabolismo para manter a temperatura corpórea e a imunidade diminui. Nessas condições atmosféricas também ocorre maior circulação no ar de vírus e bactérias, as pessoas vivem em ambientes mais fechados, contribuindo para o aumento das doenças respiratórias. Associado a isso, a baixa umidade relativa do ar aumenta a poluição atmosférica, por diminuir a dispersão dos poluentes, desencadeando mais doenças. Por tudo isso, no inverno temos mais infecções virais (resfriado e gripe) e bacterianas e, manifestações alérgicas (rinite, asma, bronquite).
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