Amamentação (Parte 1)

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Nesta semana, a conversa com a enfermeira obstetra Nelci Zorzi é sobre a amamentação. O tema pode ser comum, mas aterroriza muitas mães, especialmente as de primeira viagem, que temem não conseguir amamentar. Confira as dicas de quem conhece o assunto.

 

Não é mais novidade que a amamentação exclusiva tem enorme efeito protetor contra doenças infecciosas prevenindo a morbi-mortalidade infantil. Todo bebê nasce sabendo mamar. O instinto de se alimentar é tão forte que eles mal acabam de chegar ao mundo e já descobrem como fazer para receber o leite quentinho da mamãe. É ainda na sala de parto que já pode, e deve se proporcionar a primeira mamada, com exceção em algumas situações de intercorrências obstétricas ou neonatalógicas. Quanto mais cedo, mais sucesso terá a amamentação.

O Ministério da Saúde hoje busca implantar a Rede Amamenta Brasil que é uma estratégia de promoção, proteção e apoio à prática do aleitamento materno na Atenção Básica, por meio de revisão e supervisão do processo de trabalho interdisciplinar nas unidade básicas de saúde, apoiada nos princípios da educação permanente em saúde, respeitando a visão de mundo dos profissionais e considerando as especificidades locais e regionais. Também todos os anos se comemora a Semana Mundial de Aleitamento materno, de 1º a 7 de agosto.

Lembramos também que está estabelecida desde 1992 pela World Alliance for Breastfeeding Action (WABA), a Semana Mundial de Aleitamento Materno, que conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e tem o objetivo de facilitar e fortalecer a mobilização social para a importância da amamentação. Esse ano vem com o lema: Entendendo o passado-planejando o Futuro: Comemorando 10 anos da Estratégia Global OMS – Unicef para a Alimentação Infantil e da Criança Pequena.

 

Medicina & Saúde – Existe o mito do leite fraco?
Nelci Zorzi – Sim, existe o mito, mas o leite materno é um alimento completo para os primeiros meses da vida da criança. O leite materno é o melhor e mais completo alimento para o bebê, principalmente nos primeiros a seis meses. Ele possui as quantidades apropriadas de todos os nutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras e outros) para o bebê, protege contra a desnutrição e, ao mesmo tempo, contra o excesso de alimentação, pois o bebê normalmente suga de acordo com a sua necessidade. Contém ainda anticorpos que melhoram o sistema imunológico da criança. Nos primeiros dias a mãe produz o colostro, que é uma substância preciosa, espessa e amarelada, cheia de anticorpos e proteínas, que irá alimentar o bebê nos primeiros dias e funcionar como a sua primeira vacina.


M&S – É muito forte a presença de desse conceito do leite fraco?
NZ – O mito do leite fraco na cultura da nossa população ainda é muito forte. Na verdade o que acontece é que mama produz dois tipos de leite. O primeiro ou leite anterior é um leite proteico e o segundo é mais calórico, rico em lipídios, gorduras. Seria como se falássemos o primeiro “mata a sede” e o segundo “engorda”. Por tanto o mito do leite fraco é quando por falta de técnica ou informação, a mãe não oferece uma mamada mais longa onde o bebê suga os dois tipos de leite. É quando o bebê mama, dorme e em seguida, mãe tira do peito e logo, logo o bebê está choramingando e com fome, pois não sugou o leite calórico, que engorda.


M&S – Qual a melhor posição para amamentar? É preferível que a mãe procure um local calmo para amamentar?
NZ – O momento da mamada é único, especial, por isso é importante que a mãe encontre um local adequado, tranquilo e esteja com o olhar para o bebê, deixando outros afazeres e preocupações de lado. Sugar é um reflexo do recém-nascido, mas a amamentação envolve a manutenção da lactação e é uma arte complexa que precisa ser ensinada e aprendida.

Aspectos a serem observados para o sucesso da amamentação

  • A mãe deve ter confiança e acreditar na sua capacidade de amamentar, tornando este um ato natural
  • Olhar para seu bebê, sentindo ele, seu calor, seu cheiro
  • Procurar estar próxima de pessoas positivas, goste e lhe transmita segurança
  • Amamente o bebê com frequência, quanto mais ele sugar, mais leite será produzido
  • Ter uma alimentação variada, com ingestão de muito líquido
  • Evitar situações de ansiedade, tensão, dor, dúvidas, estresse e insegurança
  • Evite o uso de medicação (a não ser com prescrição médica), fumo e álcool, enquanto estiver amamentando
  • Evite dar chupeta ao bebê

 

Colaborou
Nelci Zorzi, enfermeira obstetra, doula, mestre em enfermagem, trabalha com curso de casais grávidos com orientações individuais e grupo

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