A segunda matéria da série sobre alimentação e emagrecimento mostra que de nada adianta passar fome para emagrecer. Pelo contrário, é preciso sim ter uma alimentação adequada e rica, conforme explica a nutricionista Ana Maria Bueno. Isso tudo, sem passar fome. “Antes de praticar atividade física é de fundamental importância uma ingestão correta de energia. Se o organismo estiver carente de calorias ele elimina peso de maneira inadequada. Nada melhor do que um ponto de equilíbrio na alimentação para que o metabolismo se mantenha em níveis satisfatórios”, explica Ana Maria.
De acordo com ela, quando a pessoa diminui o consumo de calorias gasta menos energia, “essa situação significa que o corpo humano está se adaptando para compensar a carência calórica”, comenta. A situação é ainda mais perigosa quando se trata de uma criança ou adolescente. “Estando a pessoa em fase de crescimento o seu organismo exige um significativo consumo de energia. E quando pratica e executa muitos exercícios físicos para aumentar a massa muscular, evidentemente que tem uma maior necessidade calórica. Se nós reduzirmos a ingestão de calorias os músculos não se fortalecem”, alerta.
Além do organismo, sofrem a musculatura e os ossos se a alimentação não for adequada. “Temos observado que jovens atletas, crianças e mulheres que fazem muito exercício físico com carência de calorias são suscetíveis de problemas físicos. Tanto o jovem, quanto as crianças precisam de energia adicional para o crescimento. Já nas mulheres essa redução energética causa disfunções ovulatórias, que mais tarde comprometem a estrutura óssea que poderá determinar osteoporose precoce”, explica a nutricionista
Atletas
Conforme Ana Maria, os jovens atletas que praticam exercícios físicos por muitas horas durante o dia sem receber a quantidade adequada de energia podem ter prejudicada sua taxa de crescimento e terem sintomas de anemia, em alguns casos. “Como se vê há uma necessidade equilibrada de ingestão de alimentos calóricos (energéticos). A pessoa se descuidando quanto a este importante aspecto alimentar poderá ter comprometida sua massa muscular, seu condicionamento físico e seu estado geral de saúde no decorrer do tempo”, salienta a profissional.
Quando não há equilíbrio alimentar, o corpo utiliza suas próprias proteínas quando a energia conquistada com os hidratos de carbono é insuficiente. “Estes cuidados são essenciais para que o indivíduo melhore o seu estado físico. Assim, antes do exercício físico recomenda-se consumir moderadamente hidratos de carbono, o que poderá ser feito sob a forma de líquidos ou sólidos”, ensina Ana Maria
Este é também um dos motivos da recomendação de seis refeições diárias. “Daí porque recomendar-se fazer frequentes refeições e em porções pequenas durante o dia, o que, evidentemente, permitirá manter o nível de energia e um excelente metabolismo. O organismo humano é como um motor de veículo, não trabalha sem gasolina. Vê-se, desta forma, que tudo na vida é o equilíbrio”, ressalta.
Mudanças na ciência da nutrição
Ao longo dos anos o entendimento era no sentido de que a gordura saturada, encontrada na carne vermelha, no chocolate, na manteiga, no queijo e em outros alimentos calóricos eram prejudiciais à saúde, mais precisamente ao coração. Porém, alguns estudos mostram que não é bem assim e estão mudando a orientação nutricional.
De acordo com Ana Maria, até pouco tempo atrás preconizava-se o máximo de 7% do total de calorias ingeridas durante o dia. “Com o novo entendimento esse limite estendeu-se a 10%. Normalmente os profissionais da saúde alimentar seguem as alterações e as mudanças que a ciência eventualmente vem trazendo para a sociedade. Porém, considerando-se que cada caso é um caso, vejo que devemos receber estas novas orientações com algumas reservas e cuidados, visto que não se pode generalizar a nova regra. Por exemplo, uma pessoa com problemas cardiológicos deve ser tratada de forma diferente do preconizado. Um paciente que está buscando a redução de peso para melhorar sua qualidade de vida através de cirurgia bariátrica, recebe do nutricionista uma orientação alimentar específica”, explica.
Segundo a nutricionista, recomenda-se a ingestão de gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas, “quais sejam: óleo de linhaça, de girassol, de milho, abacate, óleo de oliva extra virgem, amêndoas, castanhas e cereais. Já, não se recomenda a ingestão de gordura trans, como: biscoitos, salgadinhos em pacotes, tortas industrializadas, sorvetes, bolos”, alerta. Porém, a carne vermelha é de fundamental importância para o bom funcionamento do organismo. “Destarte, o consumo exagerado desta proteína animal é prejudicial à saúde humana. Por outro lado, como já se disse anteriormente, pessoas portadoras de algumas doenças não devem alimentar-se com carnes vermelhas de forma permanente. A estas aconselha-se a ingestão de carnes brancas (peixes, peito de frango sem pele, carne de coelho e lombo de porco às vezes)”, ensina a nutricionista.
Para a profissional, o erro histórico na alimentação deu-se quando as pessoas trocaram o consumo de gordura animal pela ingestão exagerada de carboidratos. “Essa troca alimentar foi a pior inversão de valores. O excesso consumido diariamente de carboidratos está levando grande parte da humanidade à obesidade. Além disso os problemas cardíacos se agigantaram, fazendo com que a morte por estes motivos passasse a liderar as estatísticas. Concluo dizendo que tanto na alimentação como em tudo na vida, o mais importante e significativo é o equilíbrio”, ressalta.
Colaborou
Ana Maria Bueno é nutricionista clínica – Personal Nutri, graduada em Nutrição e Economia Doméstica, com especialização em Obesidade e Emagrecimento, em Serviços de Alimentação e Hotelaria e Nutrição nos Ciclos da Vida
e-mail: [email protected]
site: www.nutrianamaria.com.br