Pneumonia: aprenda a reconhecer e cuidar

Saúde/Especial

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Quem é pai ou mãe ou cuida de algum idoso da família, sabe bem da recorrência da pneumonia. Mesmo em épocas mais quentes do ano, este público pode ser afetado com a doença. Como têm os organismos mais suscetíveis a doenças por sua fragilidade, as crianças e os idosos precisam estar sob cuidado e sempre tomar as medidas necessárias para evitar a doença.

O Medicina & Saúde aproveita o Dia Mundial da Pneumonia, ocorrido em 12 de novembro para lembrar sobre a doença, uma vez que esta é a principal causa de morte em crianças menores de cinco anos em todo o mundo. E para reconhecer melhor a pneumonia e saber como evita-la, o Medicina & Saúde conversou com o médico pneumologista Tiago Simon. Confira.

 

 

Medicina & Saúde – Como acontece a pneumonia?

Tiago Simon – A boca e o trato respiratório estão constantemente expostos a micro-organismos quando o ar é inalado pelo nariz e boca. Quando as defesas do nosso organismo ficam debilitadas, ou o micro-organismo é particularmente forte, nossas barreiras de defesa são vencidas e a pneumonia pode desenvolver-se . Pode também ocorrer por disseminação pelo sangue de infecção existente em outros órgãos ou por aspiração de conteúdo gástrico

 

M&S – É possível, no caso das crianças, que os pais identifiquem os sinais da doença?

TS – Os sintomas mais comuns nas crianças que apresentam pneumonia são: febre frequente (na maioria dos casos); tosse (com ou sem catarro); prostração/sonolência; irritabilidade; aumento da frequência respiratória (pode estar acompanhado de gemencia, retração entre as costelas e batimentos de asa do nariz – sinais de infecção mais grave); dificuldade para alimentar-se. Caso alguma criança apresentar estes sintomas, os pais devem levá-la para atendimento médico

 

M&S – É necessária a hospitalização para tratamento?

TS – A maioria dos casos de pneumonia podem ser tratadas em nível ambulatorial, não necessitando hospitalização. Conforme a gravidade dos sintomas, achados de exames adicionais, o médico pode definir o local de tratamento da pneumonia: se no domicílio ou no hospital (em enfermaria ou em UTI). O tratamento inicial da pneumonia comunitária é baseada sobre os organismos mais prováveis de estarem causando pneumonia (chamado tratamento empírico). A maioria dos pacientes são tratados em casa com antibióticos orais. Aqueles que estão gravemente doentes ou que possuem maior risco de complicações podem ser hospitalizados, necessitando de antibióticos injetáveis inicialmente. O tempo de hospitalização é variável, e depende da gravidade da doença, da resposta do paciente ao tratamento e se há outros problemas médicos associados. (pessoas com certos problemas médicos e aqueles que usaram antibióticos nos últimos três meses têm um risco maior de infecção por bactérias resistentes). Independentemente de qual antibiótico foi indicado, é importante terminar o curso inteiro de tratamento e tomá-lo exatamente como indicado.

 

M&S – A vacina é eficaz?

TS – Existem dois tipos de vacinas anti-pneumocócica: conjugadas (geralmente indicadas na criança até 2 anos) e as polissacarídicas (realizadas nas crianças com mais de 2 anos/ adulto/idoso), com cobertura para vários sorotipos de pneumococos. A eficácia é variável conforme o grupo de risco a ser vacinado. Nas crianças, as vacinas conjugadas conferem imunidade em mais de 90% das crianças vacinadas, embora o tempo de duração da proteção pós vacinal ainda não seja conhecido;  as vacinas polissacarídicas tem eficácia de 60 a 80% em pacientes com imunidade normal. O tempo de duração da imunidade que ela confere é de apenas 3 a 5 anos.

 

M&S – Quando os casos se tornam crônicos?

TS – Quando os pacientes passam a apresentar quadro clínico compatível com pneumonias de forma recorrente, é importante realizar avaliação clínica minuciosa para excluir outras doenças que possam simular pneumonias ou tratar as sequelas pulmonares causadas pelas pneumonias de repetição.

 

M&S – Quais os cuidados para evitar o aparecimento da doença?

TS – A vacina pneumocócica é uma das maneiras mais eficazes para prevenir a pneumonia. Está indicada nos pacientes maiores que 65 anos, portadores de doenças crônicas (pneumopatia, cardiopatia, diabetes, cirrose hepática), imunodeprimidos (AIDS, transplantados, insuficiência renal crônica, portadores de leucemias/linfomas, anemia falciforme, esplenectomizados), profissionais da saúde, além de fazer parte do calendário vacinal para as crianças até 2 anos.  A cessação do tabagismo é outro importante meio para prevenir a pneumonia.Medidas de controle de infecção podem ajudar a prevenir a propagação de qualquer tipo de infecção, incluindo pneumonia. Práticas simples, como cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar e lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou álcool gel podem ser eficazes.

 

Tiago Simon é médico pneumologista

 

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