Muitos pais acham que o ronco dos seus filhos é coisa normal de criança. Associam o ronco e o babar no travesseiro, ao cansaço após um dia cheio de atividades. Mas, não é normal uma criança roncar. Sabe-se hoje que a criança roncadora será, no futuro, um adulto roncador se não for tratada. Na maioria das vezes esse problema esta associado a uma obstrução na passagem de ar pela via aérea, que se inicia no nariz.
Teríamos então desde o recém-nascido até adolescência, obstruções que vão estar relacionados a um fluxo de ar turbulento no nariz, em vários níveis na garganta e na entrada do pulmão, causando ruídos respiratórios chamados estridores e roncos.
“O recém-nascido pode ter um dos canais nasais não desenvolvidos ou parcialmente aberto, chamado atresia de coanal e ficar sem diagnostico até a idade adulta”, declara a médica Beatriz Lana, especialista em medicina do sono. Esse problema pode existir bilateralmente também, mas neste caso, raramente fica sem diagnóstico, já que o bebê quando nasce não sabe usar a respiração pela boca. Neste caso, tanto o pediatra, quanto a mãe percebem imediatamente que algo esta errado no nariz da criança.
Ainda na faixa etária de recém-nascido até dois anos, existem os "roncos" com boca fechada, relacionados a uma fraqueza na cartilagem da laringe (região embaixo da garganta, onde ficam as cordas vocais). Esse problema chamado laringomalácia, pode assustar muito os pais, que chegam ao consultório dizendo que a criança ronca acordada e que este ronco piora muito quando a criança chora. Em muitos destes casos, apenas um acompanhamento é necessário e em outros, a intervenção cirúrgica deve ser rápida.
A partir de um ano, roncos relacionados a adenóides ou amígdalas grandes começam a surgir. A adenóide cresce no fundo do nariz e não conseguimos enxergá-la a olho nu. Para seu diagnóstico, é necessário fazer endoscopias nasais (geralmente sondas bem fininhas) ou um raio x digital bem feito. É muito comum a criança com adenóides grandes ter também amígdalas grandes e isso causar paradas de respiração, além do ronco.
Outro fator relacionado ao ronco infantil e apnéia do sono é a rinite alérgica. Ela causa um inchaço na mucosa nasal, sinusites de repetição e respiração oral.
Dizemos que no adulto é normal existir até cinco apnéias (parada de respiração) por hora. Já na criança, nenhuma apnéia por hora é considerada normal.
Todas as pessoas nascem e são programadas para usar o nariz para respirar. Se a criança começar a usar a boca para respirar e roncar enquanto dorme, observamos o surgimento de problemas como mau hálito, infecções de garganta repetidas, rouquidão, piora de refluxo gastro esofágico. Nestas crianças, o uso da chupeta pode causar ou agravar problemas na arcada dentaria e piorar o ronco.
Sempre que houver ruídos respiratórios, roncos e apnéias na criança, os pais devem informar o pediatra e o otorrinolaringologista/ medico do sono para que seja realizado o diagnóstico e o correto tratamento do problema.