Por William Weber Cecconello
Os neurônios espelhos são neurônios que estão em algumas áreas do cérebro (principalmente no córtex pré-motor) e como o nome pode sugerir, eles ‘’espelham’’ internamente os atos que observamos, e ao fazer isso, pode nos colocar no lugar do outro sem precisarmos mover um músculo. Se vemos um filme de terror, por exemplo, ficamos com medo, pois os neurônios espelho emulam no cérebro o comportamento dentro do contexto em que observamos. Da mesma forma, ficamos angustiados ao ver alguém que gostamos sofrendo ou salivamos ao ver alguém comer uma comida saborosa.
Um ponto a se destacar é que os neurônios espelho mostram-se mais ativados quando vemos um comportamento que já conhecemos e entendemos. É por isso que salivamos mais ao ver alguém comendo uma comida que gostamos muito do que quando vemos alguém comendo uma comida a qual não conhecemos. Uma pesquisa mostrou algo bastante peculiar neste sentido: tabagistas (em abstinência ou não), mostram maior ativações nestes neurônios ao ver outra pessoa fumando, quando se comparado a não tabagistas. E este é um ponto a ser refletido nas festas de final de ano
Como estamos em dezembro, é importante ressaltar para as famílias cujo algum membro seja dependente em abstinência: as festas de final de ano representam uma situação de risco eminente para um paciente que está abstinente. Para um alcoolista abstinente é realmente uma tortura observar brindes no réveillon e várias festas regadas à álcool no final do ano. Ao ver pessoas realizando o ato e beber, os neurônios espelhos reproduzem internamente o comportamento dos outros, o que acaba por causar fissura. Não se pode confundi isso com um ‘‘teste de resistência’’, pois estes contextos geralmente acabam se configurando como uma tortura para o dependente em abstinência, pois por mais que este queira permanecer abstinente, os neurônios espelho estão reproduzindo internamente (sem controle do indivíduo) o comportamento que ele quer evitar.
Caso você seja anfitrião ou familiar de um dependente químico em abstinência, não ignore esta condição: evite a exposição a estas drogas. Claro que se deve evitar o contato também com substâncias que não aquela à qual o indivíduo é dependente, porém no réveillon, o álcool deve ser um fator a ser pensado e relevado na hora de organizar à festa, para que o clima de festa continuem e as expectativas positivas perdurem ao longo do ano que se inicia.
William Weber Cecconello é acadêmico da Escola de Psicologia e bolsista no Projeto de Pesquisa em Avaliação e Promoção de Habilidades Sociais no Transtorno de Ansiedade Social da Imed
