São vários os motivos que levam um indivíduo a optar pelo ingresso no ensino superior: realização pessoal, inserção no mercado de trabalho, possibilidade de melhorar a carreira, entre inúmeras outras variáveis. Independente do motivo, existe algo que é consequência de nossa natureza humana: estamos permanentemente em processo de interação social. No ambiente acadêmico, isso se aplica desde a apresentação de trabalhos em sala de aula e o convívio com outros colegas, até a apresentação frente à temida banca do trabalho de conclusão de curso.
De fato, nos relacionamos com outras pessoas o tempo todo, e é neste contexto que demonstramos nossas habilidades sociais. Precisamos então, antes de dar continuidade a essa reflexão, definir habilidades sociais e o que significa ser uma pessoa socialmente habilidosa. Muitas pessoas podem ter uma tendência a representá-la a partir de um sentido normativo de “boa educação” ou de cumprimento de rituais formais de uma convivência social, relacionando essa expressão com uma compreensão equivocada de termos como “traquejo social”.
O conceito de habilidades sociais é bastante amplo e pode ser aplicado aos diferentes tipos de comportamentos sociais de um indivíduo. Tais comportamentos contribuem para a competência social, propiciando um relacionamento mais saudável e produtivo. Competência social, por sua vez, pode ser descrita como a capacidade de desenvolver pensamentos, sentimentos e ações tendo em vista objetivos pessoais, da situação e da própria cultura, com consequências positivas tanto para a pessoa quanto para sua relação com os outros. Já Desempenho social diz respeito a todo tipo de conduta emitida no relacionamento com as demais pessoas.
Sabe-se que habilidades sociais podem ser aprimoradas, e o quanto antes isso ocorrer, mais proveitoso será para o indivíduo. O treinamento de habilidades sociais (THS) é uma intervenção psicoterápica que parte dessa idéia, vem sendo amplamente estudado e conta com vários dados científicos que comprovam que um indivíduo que consegue expressar suas ideias e ter um comportamento mais assertivo, ou seja, expressar sua opinião da forma mais adequada possível sem assumir uma postura de agressividade ou passividade, possivelmente apresentará melhores condições de lidar com conflitos, bem como maior competência social e interpessoal para enfrentar as demandas do ambiente acadêmico e da vida profissional.
William Weber Cecconello é acadêmico de Psicologia da Imed e bolsista Fapergs, Júlia de Oliveira é acadêmica de Psicologia e voluntária de Iniciação Científica, e Marcia Fortes Wagner é psicóloga, psicoterapeuta cognitivo-comportamental, doutora em Psicologia PUCRS, professora da Escola de Psicologia da Imed e coordenadora do Grupo de Pesquisa Avaliação e Promoção de Habilidades Sociais no Transtorno de Ansiedade Social da Imed