Doenças relacionadas à cerca de 40% das mortes ocorridas na gestação e no parto no Brasil, a pré-eclampsia e a eclampsia podem ser superadas em breve. Tratamento inédito desenvolvido por um grupo de pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a União Química Indústria Farmacêutica, detentora da licença da patente do medicamento, já passou na primeira fase dos testes clínicos. Trata-se de um anti-hipertensivo para uso durante a gravidez.
Entre 2009 e 2011, a fórmula foi aplicada em 14 gestantes com pré-eclâmpsia grave, caso em que interrupção da gravidez era recomendada. "A medicação melhorou a função dos vasos sanguíneos sem ter sido tóxica para as mães ou para os fetos", explica o médico Robson Augusto Souza dos Santos, responsável pela pesquisa e professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.
O medicamento é baseado em um fragmento de proteína produzido pelo próprio organismo humano, a angiotensina (1-7), que atua no controle cardiovascular, ajudando a dilatar as paredes das artérias. A substância, produzida em todas as células, integra o sistema renina-angiotensina, que atua na corrente sanguínea, nos rins e no coração. "Com função vasodilatora, a angiotensina (1-7) regula a pressão arterial e em grávidas que sofrem de pré-eclâmpsia, há redução dos níveis dessa substância no plasma sanguíneo", relata o médico.
Ainda de acordo com o professor, uma das vantagens do uso da molécula no controle da doença é que ela não apresentaria toxicidade para a mulher e o embrião, em qualquer de suas fases, pois é uma substância produzida pelo organismo humano, que aumenta naturalmente na gravidez normal.