Especialistas alertam sobre risco do uso de analgésicos para aliviar dor nas costas

Recorrer a medicamentos para aliviar dores pode ser perigoso.

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Usar relaxantes musculares ou analgésicos para aliviar aquela dorzinha que de vez em quando aparece nas costas é uma estratégia desaconselhável e pode resultar em dano maior à coluna vertebral. Para informar as pessoas sobre as principais medidas de prevenção e os riscos que algumas atividades podem trazer à coluna, diversos fisioterapeutas, especialistas em tratamentos para a coluna, lançaram hoje (2), de forma simultânea, em 30 cidades, a Campanha Nacional Alerta para Prevenção de Dores nas Costas.

Em Brasília, fisioterapeutas foram ao Parque da Cidade para alertar os frequentadores do local. “Nosso foco é a prevenção desses problemas e chamar a atenção para a necessidade de um diagnóstico precoce, além de contribuir para que as pessoas tomem a decisão de melhorar a postura para proteger a coluna”, disse a diretora do Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral (ITC), Ângela Lepesqueur.

Segundo a fisioterapeuta, as pessoas precisam ficar atentas a quaisquer dores irradiadas (aquelas que percorrem um caminho ao longo do corpo, em geral associadas aos nervos comprometidos), formigamentos e dormência em membros, falta de força, dores espontâneas que surgem sem motivo aparente, além de contraturas musculares nas regiões lombar e cervical e dores locais ou decorrentes de posturas mantidas.

“O maior problema é quando a pessoa resolve o incômodo tomando analgésicos, porque deixa de investigar a causa e, com isso, o problema fica maior”, ressalta Ângela.

Foi o que aconteceu com o lanterneiro (funileiro) Revanildo Rodrigues, 38, morador da Estrutural. “Eles me alertaram que é importante eu estar sempre atento à minha postura e que tenho de reeducar meu corpo”, disse. O trabalho de Revanildo requer muito esforço físico, e a dor o acompanha há mais de oito anos.

“Minha região lombar dói a toda hora, todo dia e a todo minuto, mas nunca fiz nenhum tipo de tratamento. Soube que ia ter essa campanha aqui no parque e resolvi vir. Eu não associava essas dores à minha postura. Tomava então relaxantes musculares e achava que estava pronto para o dia seguinte”, disse o lanterneiro.

O problema de saúde então começou a se transformar em problema financeiro. “Era comum eu ficar dois ou três dias sem trabalhar. Como sou autônomo, ganho pelo serviço. As repetições [das crises de dor] acabaram comprometendo entre 30% e 40% dos meus ganhos mensais”.

A conversa com os fisioterapeutas ajudou Revanildo a se convencer de que precisa consultar especialistas no problema. “Na segunda-feira vou ao fisioterapeuta ver qual é o exercício ideal para ajudar a reeducar minha postura. Do jeito que está, não tem como. E a tendência é piorar”, concluiu.

Outras pessoas precisam de tratamento para lidar com problemas congênitos. “Nasci com uma vértebra a mais do que o normal”, explica a farmacêutica Débora Souza, 46, moradora do bairro Sudoeste. “Isso resulta em uma compressão da vértebra sobre as outras, o que me causa dores desde os 30 anos”, acrescentou.

Por causa do problema, Débora teve de abandonar diversas atividades físicas que tinha como hobby. “Eu gostava detrekking [caminhada em trilhas], bicicleta, vôlei. Tive de abandonar tudo por causa da dor. Para piorar, fiquei traumatizada com o ortopedista que me orientou a fazer musculação e pilates. Como a orientação da academia não era específica para o meu problema, acabei forçando [de forma inadequada] a minha coluna. O resultado foi que as dores aumentaram ainda mais”, disse a farmacêutica.

“Um médico chegou ao cúmulo de recomendar que eu fosse a um psiquiatra por achar que a origem do problema era de fundo psicológico”, acrescentou. A solução foi apresentada por um fisioterapeuta: duas sessões semanais de fisioterapia e pilates leve e direcionado ao problema. Com o tempo, a musculatura fortaleceu e hoje a farmacêutica já pode fazer exercícios de maior intensidade.

Depois de descobrir que tinha três hérnias de disco na coluna lombar e de sentir muita dor, a engenheira mecânica Juliana Mol, 35, moradora do Sudoeste, ouviu de seu médico a recomendação de que fizesse hidroterapia. Infelizmente, as dores continuaram. O médico sugeriu, então, que ela fizesse uma cirurgia.

“O problema é que ele não garantiu que a cirurgia aliviaria minha dor. Em meio a essa incerteza, optei por um tratamento conservador. Foram cinco meses de fisioterapia para introduzir os exercícios ideais. Sentia que a dor ia e voltava, e, gradativamente, a dor virou desconforto para, depois, desaparecer”, disse a engenheira, que faz fisioterapia há dois anos.

Professor de educação física, Andrett adverte: exercícios sem orientação profissional podem resultar em danos à saúde. Nesse sentido, o acesso a equipamentos públicos de musculação representa um risco maior aos praticantes. “A gente sabe que muitos não têm acesso a profissionais para orientar as atividades físicas. O que indicamos para esses casos é que eles pratiquem a atividade de forma mais moderada e com maior amplitude [maior número de repetições do exercício, mas com uma carga mais leve], sempre lembrando que a dor é o limite de qualquer movimento”.

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