Doação de órgãos

Medicina & Saúde - Em 2011, o Brasil teve o maior aumento anual em números de transplantes da década, com 2.357 cirurgias a mais que em 2010.

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O Brasil atingiu a marca de 23.397 transplantes em 2011, um novo recorde no setor. Em uma década, o país mais que dobrou o número de cirurgias – o aumento foi de 124% em relação a 2001, quando foram realizados 10.428 procedimentos. Acompanha este crescimento o número de doações de órgãos. Foram registradas 2.207 doações no ano passado, um avanço de 16,4% em um ano – a maior variação em quatro anos.

Em 2011, o Brasil teve o maior aumento anual em números de transplantes da década, com 2.357 cirurgias a mais que em 2010. A média de acréscimo na década foi de 1.200 procedimentos por ano.

O Sistema Nacional de Transplantes, coordenado pelo Ministério da Saúde, conta com rede integrada em 25 estados e Distrito Federal, onde funcionam Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos. O investimento na manutenção e crescimento dessa rede em 2011 foi de R$ 1,3 bilhão – quatro vezes mais que o total de recursos alocados para o setor em 2003, quando foram destinados R$ 327,85 milhões.

Entretanto, somente podem ser feitos transplantes se existirem doadores. Com atuação do Ministério da Saúde na melhoria da infraestrutura – especialmente a capacitação de equipes para o contato com as famílias dos possíveis doadores - e na sensibilização da população por meio de campanhas anuais de incentivo à doação de órgãos, os brasileiros têm demonstrado cada vez mais solidariedade. Em 2011, o país bateu recorde ao registrar 2.207 doadores de órgão - 63% a mais que em 2008.

O atual índice nacional é de 11,4 doadores por milhão de população (PMP) – no ano passado, o índice ficava em 9,9. A meta do Ministério da Saúde é chegar a 15 doadores por milhão de população em 2015.

Números

O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) realizou no ano passado 232 transplantes de órgãos e tecidos. Um aumento que representa 9% se comparado a 2011, ano em que a instituição realizou 211 transplantes de rim, fígado, córnea e segmento ósseo. Há mais de 40 anos que o Hospital São Vicente tem a missão de proporcionar uma nova oportunidade de vida às pessoas que precisam de um transplante.

Em 2012, o trabalho que é efetuado pelas equipes transplantadoras, Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) e Organização por Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) melhorou a vida de muitas pessoas. “Em janeiro de 2012, nós contávamos com 174 pacientes atendidos pelo HSVP na lista de espera por um transplante. Durante o ano realizamos 92 transplantes de córnea, 15 de fígado, nove de rim e 116 de tecido ósseo”, informou a assistente social da CIHDOTT, Gisiane Rodrigues.

Conforme levantamento da CIHDOTT, fevereiro foi o mês em que mais se realizou transplantes no HSVP. “Emplacamos o mês com 37 transplantes, sendo um de rim, dois de fígado, 17 de tecido ósseo e 15 de córnea”, destaca Gisiane. Já a lista de pacientes que necessitam de um transplante, ao mesmo tempo em que diminui, ganha novos nomes. “Atualmente 129 pessoas aguardam por um transplante, sendo 79 na lista de rim, 27 na de córnea e 23 na de fígado”.

Intervivos

Segundo dados do Ministério da Saúde, após entrar para a lista de espera por um transplante, o paciente pode levar até seis anos para conseguir um doador. Devido a esta demora, o transplante intervivos se tornou mais comum. Ele é feito desde a década de 50, quando foi realizado em Boston (EUA) e na França. A doação intervivos é permitida por lei entre parentes até o quarto grau e cônjuges; entre não parentes somente com autorização judicial.

Este é o caso dos irmãos Fabiano da Rosa de 23 anos (doador) e Flávio José da Rosa de 40 anos (receptor), que realizaram o transplante de rins em maio de 2012. No mesmo ano, outro transplante renal das irmãs Rosa Ferreira de Castro (receptora) de 45 anos e Terezinha Casanova (doadora) de 47 anos, marcou a doação intervivos. Porém, o destaque principal foi para a pequena Yasmim Farina de apenas um ano. Ao longo da trajetória de mais de 10 anos de procedimentos hepáticos no HSVP, a menina é a menor paciente já transplantada na instituição. A doação de uma parte do fígado veio do pai, Marcelo Farina.

Doações em 2012

O número de doações de córneas em 2012, no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) apresentou crescimento de 105% em relação às captações de 2011. O resultado positivo é a soma do trabalho da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), da Organização por Procura de Órgãos e Tecidos (OPO) e da estrutura do Banco de Tecido Ocular Humano, inaugurado em fevereiro do ano passado. Foram 39 doações contra 19 captações em 2011.

Conforme o enfermeiro responsável pelo Banco de Tecidos, Maurício Zangirolami, as captações de córneas ficaram mais ágeis com a implantação da unidade no HSVP. “As córneas que antes eram encaminhadas para Caxias do Sul ou Porto Alegre para serem processadas, agora podem ser repassadas para o HSVP, visto que a distância e o tempo de transporte são reduzidos, resultando numa melhor qualidade do tecido a ser transplantado. Com o apoio da CIHDOTT no HSVP e da abrangência regional da OPO foi possível intensificar ações voltadas à doação de córneas nos hospitais da região”, destacou Maurício.

Já as doações de rim, fígado e segmento ósseo diminuíram em relação a 2011. “Captamos 16 rins, sete fígados e 82 segmentos ósseos, sendo que em 2011 foram 29, 12 e 188 captações respectivamente”, apontou a enfermeira da OPO, Fabiana Dal Conte. Conforme ela, ainda há várias barreiras a serem rompidas. “Embora o Ministério da Saúde e o HSVP desenvolvam campanhas e ações anuais de conscientização à doação de órgãos, ainda há muitas informações distorcidas entre os familiares. Além disso, há também o fato da maioria das mortes encefálicas que protocolamos serem de pessoas com idade muito avançada e que apresentam fatores que excluem a possibilidade de doar órgãos”.

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