O Brasil, país com o maior número de cirurgiões-dentistas do mundo, está em um momento “divisor de águas” no que diz respeito à ortodontia tradicional. Mauricio Accorsi, ortodontista antenado nas novidades da área, afirma que houve uma simplificação da especialidade. “Muita gente acredita que a ortodontia está relacionada apenas ao encaixe de dentes seguindo determinados padrões pré-estabelecidos. Esta abordagem tipo "receita de bolo" não se encaixa a todos os indivíduos e a massificação banalizou a profissão”, afirma Accorsi, mestre pela USP e autor do livro Diagnóstico 3D em Ortodontia, da Editora Napoleão.
Para o especialista, a maior prova de que este modelo está ultrapassado é a quantidade de pacientes que usaram aparelho ortodôntico durante anos e precisam se submeter a novos tratamentos para obter os resultados desejados. “Mais da metade dos meus pacientes são de retratamento hoje em dia. Isto demonstra a necessidade e a urgência do presente e do futuro seguirem por outro caminho – o da personalização e da visão integral do paciente. As funções mais importantes do corpo, como a fala, respiração e a deglutição, dependem da boca, dos músculos, ossos e demais estruturas faciais”, afirma.
O foco não é mais apenas os "dentes tortos" mas sim como eles afetam a qualidade de vida das pessoas. Dentro de uma equipe interdisciplinar, a ortodontia pode contribuir para que o paciente respire bem e durma melhor, mastigue adequadamente e consiga se expressar sem vergonha do seu rosto ou dentes. “O alinhamento dentário, associado ao reposicionamento dos ossos da face com cirurgia ortognática, como a mandíbula e a maxila, atua inclusive de maneira rejuvenescedora melhorando a auto-estima das pessoas. Ao respirar e dormir melhor, o rosto perde o ar de cansado, e as estruturas faciais posicionadas corretamente deixam a pessoa mais jovem e confiante. Desta forma, a estética do sorriso e da face, aspecto fundamental deste universo, passa a ser tratada dentro de um contexto biopsicossocial”, observa.