Andropausa, a menopausa masculina

Tal como as mulheres, os homens também sofrem com a menopausa, sendo que no público masculino ela é chamada de andropausa.

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As mulheres, na sua grande maioria, já sabem reconhecer os sintomas da menopausa. Isso, talvez porque estão mais acostumadas a procurar o médico regularmente. Entre os homens, porém, este hábito de procurar anualmente o médico não é tão presente, o pode contribuir para os sintomas de algumas doenças passem despercebidos.

Tal como as mulheres, os homens também sofrem com a menopausa, sendo que no público masculino ela é chamada de andropausa. Muitos dos sintomas podem ser confundidos com outras doenças ou problemas. Entretanto, a andropausa, assim como a menopausa, decorre o envelhecimento natural das pessoas.

Sobre este tema, o Medicina & Saúde procurou o médico urologista Eduardo Scortegagna, que respondeu às perguntas mais importantes para ajudar os homens a identificar a andropausa. Confira. 

Medicina & Saúde – O que é a andropausa?

Eduardo Scortegagna – É a deficiência dos níveis de testosterona no sangue abaixo de 300 ng/dl decorrente do envelhecimento.

M&S – Quais são os sintomas?

ES – Os principais sintomas da andropausa são: diminuição da concentração nas atividades gerais; diminuição da produção intelectual, alteração do humor, como irritabilidade; alteração do sono e da memória; perda da força física; depressão; dores musculares; diminuição da libido e dificuldade em manter a ereção; a ingestão de drogas que promovem a ereção não tem efeitos; sonolência: cai no sono no cinema, vendo TV e etc; diminuição da massa muscular, principalmente dos membros inferiores, superiores, tórax; e osteoporose.

M&S – Como é feito o diagnóstico? E quais os tratamentos existentes?

ES – O diagnóstico é feito com exame clínico e laboratorial, com dosagem dos níveis de testosterona. A reposição hormonal pode ser feita de cinco formas: injeções subcutâneas, adesivos, comprimidos, géis ou implantes, sempre sob supervisão médica. Entre as contraindicações do tratamento, estão: homens que querem ter filhos, quem sofre de apneia do sono e quem têm dificuldades para urinar. O tratamento é de reposição com testosterona

M&S – Como pode ser definida esta fase?

ES – O aumento da expectativa de vida e a procura de uma longevidade com qualidade têm desencadeado um interesse cada vez maior em identificar e tratar as deficiências hormonais que afetam o homem idoso. No homem, a função testicular é afetada de maneira progressiva e o declínio na produção de testosterona é lento e gradual. Por essa razão, ao contrário da mulher, as manifestações clínicas do hipogonadismo do homem adulto são mais sutis, não sendo identificado com facilidade. Os termos andropausa e climatério masculino, utilizados com frequência, são inapropriados e biologicamente incorretos. A alteração hormonal do homem idoso é melhor definida como Distúrbio Androgênio do Envelhecimento Masculino (DAEM), pois o decréscimo da produção de testosterona não é um fenômeno isolado, ocorrendo simultaneamente outras importantes alterações fisiológicas. Conforme o médico, o diagnóstico do DAEM deve ser alicerçado na constatação de níveis laboratoriais de testosterona inferiores à normalidade e a presença de sintomas característicos do problema. A terapia de reposição hormonal com testosterona é a forma mais utilizada no tratamento dos homens com DAEM e tem como objetivo atenuar os sintomas relacionados ao hipogonadismo. Reconhecidamente há uma diminuição na produção de testosterona após os 40 anos de idade.

M&S – Como este distúrbio se manifesta?

ES – As principais manifestações clínicas do distúrbio são: diminuição da libido; disfunção erétil; diminuição da massa muscular; osteoporose; e alterações cognitivas em geral.

M&S – Como a reposição hormonal pode contribuir com a qualidade de vida desses pacientes?

ES – A reposição hormonal com testosterona só é indicada quando o homem apresenta manifestações clínicas associadas a parâmetros laboratoriais alterados ou no limite inferior da normalidade. Dentre os efeitos benéficos da reposição hormonal masculina podemos destacar: melhora da libido; melhora da função erétil; melhora da resposta a medicação usada para “impotência sexual”; aumento da massa e força muscular; diminuição da gordura corporal; melhora da osteoporose; e melhora do humor, memória visual e verbal, sensação de bem estar e qualidade de vida.

M&S – Quais os outro cuidados que precisam ser tomados?

ES – O paciente submetido à reposição androgênica deve ser monitorado a cada três meses através de toque retal e PSA no primeiro ano e a seguir anualmente, controle hematológico periódico e de lípides, função hepática e de apnéia do sono, principalmente em obesos e DBPOC. Nos Estados Unidos, existem aproximadamente 5 milhões homens que sofrem com os efeitos do hipogonadismo e se estima que somente 5% destes homens são tratados.

Nova medicação

A novidade quanto à terapia de reposição é uma nova medicação que é utilizada a cada três meses, o que permite obter níveis mais fisiológicos evitando picos, isto é, em determinado momento a testosterona é metabolizada não fazendo mais o efeito desejado e o paciente sente variações muito frequentes, além da dose ser mais difícil controle. Na América do Sul, esta medicação foi lançada no dia 1° de dezembro de 2005, em Punta de Leste.

O médico Eduardo Scortegagna participou do lançamento e apresentação deste novo produto que promete melhorar a vida dos pacientes que necessitam de reposição hormonal.

Menopausa Masculina

Em 1889, apaixonado por uma jovem aluna, o professor da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Charles Édouard Brown-Séquard extraiu hormônios dos testículos de porcos-da-índia e injetou no seu próprio corpo. Com 72 anos seu interesse era recuperar o vigor físico e sexual da juventude e corresponder aos anseios da namorada. O experimento deu certo. Segundo Séquard o elixir melhorou seu desempenho físico e sexual e recuperou suas habilidades intelectuais de outrora.

Demorou mais de século para a medicina chegar a mesma conclusão de Séquard, considerado hoje o pai da andropausa, a versão masculina da menopausa. Nos últimos anos, uma série de estudos comprovou que os homens também sofrem com as oscilações hormonais e derrubou mitos de que o tratamento á base de testosterona sintética aumentaria os riscos de desenvolver câncer de próstata.

Um estudo publicado na New England Jornal of Medicine, em 2004, mostrou que o risco de desenvolver câncer de próstata durante a reposição de testosterona, com o objetivo específico de equilibrar os níveis fisiológicos do hormônio perdido com o passar dos anos, era de apenas 1%. “Esse índice é igual entre os homens que não fazem tratamento hormonal”, afirma o professor da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre e pós-graduado em Harvard Ernani Luís Rhoden, que participou da pesquisa.

Uma análise dos níveis de testosterona em homens com tumores de próstata, realizada por médicos do Complexo Hospitalar Santa Casa, também revelou que, ao contrário do que se acreditava, baixos níveis de hormônios pioram – o prognóstico da doença.

Apesar desses avanços, apenas uma minoria tem o hábito de dosar os níveis de testosterona. Segundo uma pesquisa, coordenada pela psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Carmita Abdo é patrocinada pelo laboratório Schering do Brasil, 81,1% dos mais de 5 mil homens entrevistados em 18 estados brasileiros não tinham dosado as taxas de testosterona nos último ano. No entanto, cerca de 19,9% disseram sofrer com os sintomas, tais como: irritabilidade, diminuição da libido, das ereções matinais, da força muscular, nervosismo, cansaço frequente que caracterizam o distúrbio, também chamado de Distúrbio Androgênico Envelhecimento Masculino (DAEM).

“Os homens subestimam esses sintomas, acham que fazem parte do envelhecimento”, avalia Carmita. Diferentemente da menopausa, em que a redução dos níveis de estrogênio ocorre de forma abrupta, na andropausa a diminuição é lenta e gradual – cerca de 1% ao ano, a partir do 30 anos.

Seus sintomas podem ser agravados – e confundidos – com as consequências da obesidade, do sedentarismo, da hipertensão e do diabetes. Segundo o chefe do ambulatório de andrologia da Santa Casa, Claudio Telöken, antes de iniciar a reposição hormonal, os homens devem adotar uma dieta saudável e praticar exercícios regulares, hábitos que podem reverter o prognóstico e o tipo de tratamento.

Colaborou

Eduardo Scortegagna, médico urologista

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